Companhia 'A Barraca'
Amor é fogo que arde sem se ver
500 anos de Camões
Sexta-Feira, 6
21:30, /ampAvanteatro
Foi assim
CAMÕES, POETA PRÁTICO.
Um Espectáculo de Helder Mateus da Costa e Maria do Céu Guerra
Amor é fogo que arde sem se ver, porquê?
Um espectáculo do género histórico/poético, não pode transportar cargas poeirentas e ultrapassadas.
Homenagear os clássicos é modernizá-los e torná-los acessíveis ao público dos nossos dias. É nessa dificuldade que consiste o prazer de conseguir demonstrar que as histórias antigas têm a ver com o sempre constante e irregular comportamento humano.
Camões é um dos símbolos mais importantes do nosso século de oiro, o século XVI. E é um testemunho vivo do intelectual moderno e progressista na linha de Erasmo e Tomas More, seus contemporâneos.
Por isso, era necessário fazer uma “operação de limpeza” ao nosso Camões e mostrá-lo em toda a sua grandeza e independência. Para exemplo aos jovens e intelectuais dos nossos dias.
Hélder Mateus da Costa
AMOR É FOGO QUE ARDE SEM SE VER (2024)
conta a viagem de Luís Vaz, o navegador da Língua Portuguesa, transportando memórias de amores e desamores, muitas perdas e muitos maus tratos e prisões operados em sigilosos conluios por muitos inimigos seus contemporâneos. Tempo de disputas, glórias e intrigas, os perigos da inquisição ameaçaram sempre um dos homens mais livres do seu tempo e sem dúvida o seu maior poeta.
Depois de aventuras e desventuras que lhe vão acontecendo na sua pátria vai de viagem na rota de Gama. E consigo leva a Língua Portuguesa, ainda em construção.
Regresso a casa…
O poeta é apoiado pelo escravo Jau. Leva-o para casa, dá-lhe de comer, ajuda-o a subir a escada. No caminho cruzaram-se com a mãe do poeta, que desanimada com o tratamento da corte numa bela cena que cita Sophia de Mello Breyner, reclama do atraso da tença, que os obriga a viver de esmolas…
“Irás ao Paço. Irás pedir que a tença
Seja paga na data combinada
Este país te mata lentamente
País que tu chamaste e não responde
País que tu nomeias e não nasce
Em tua perdição se conjuraram
Calúnias desamor inveja ardente
E sempre os inimigos sobejaram
A quem ousou seu ser inteiramente
E aqueles que invocaste não te viram
Porque estavam curvados e dobrados
Pela paciência cuja mão de cinza
Tinha apagado os olhos no seu rosto
Irás ao Paço irás pacientemente
Pois não te pedem canto mas paciência
Este país te mata lentamente.”
E o poeta do amor, como os marinheiros do Gama passa à eternidade embalado pela música do mar da ilha dos amores. Momento feliz enfim. A Paz e o reencontro com a Beleza acompanham o regresso do poeta à sua ilha recuperada.
Maria do Céu Guerra
Ficha técnica
Texto de Hélder Mateus da Costa
Encenação: Hélder Mateus da Costa e Maria do Céu Guerra
Elenco da Barraca
Assistentes de Produção: Samuel Moura e Vasco Lello
Desenho de luz: Vasco Letria
Operação de Luz e Som: Ruy Santos e Ricardo Silva
Guarda-roupa: Elza Ferreira
Secretariado: Inês Costa
Design Gráfico e Fotografia: Maria Abranches