Nos finais anos da década de 70 do século passado, o então designado GICC - Grupo de Intervenção Cultural da Covilhã, agora Teatro das Beiras, trabalhava “A GRANDE IMPRECAÇÃO DIANTE DAS MURALHAS DA CIDADE”, texto dramático escrito por Tankred Dorst, um autor alemão praticamente desconhecido em Portugal, graças à laboriosa Comissão de Censura, organismo oficial do estado.
Nesse tempo, e após uma década de guerra colonial em África e a “guerra fria” por toda a parte, no planeta onde o Vietname era o cenário e noticiário de todas as atrocidades. Estávamos em 1979, ali ao lado da velha pensão São Francisco, numa ruína onde erguíamos um “teatro de bolso” e um espetáculo de teatro, exatamente “A GRANDE IMPRECAÇÃO ...”. Texto intemporal, um clássico contemporâneo que nos tinha chegado às mãos, oferecido em cópia datilografada e traduzida pelo mestre Mário Barradas, semeador dessa utópica ideia de fazer crescer um teatro em cada cidade, um teatro em cada esquina. E acreditámos que um dia seria possível.
E foi mesmo...
…contra todos os muros das cidades reclamando direitos, denunciando injustiças, travando a propagação do discurso de ódio racial que paulatinamente se quer infiltrar. O TEATRO denuncia.
Gil Salgueiro Nave

Ficha técnica