Nocturno para voz e concertina é o subtítulo do testemunho dorido de quem perdeu grande parte da família na maior catástrofe natural em Portugal, desde o terramoto de 1755. As cheias do Tejo, no Ribatejo e arredores de Lisboa, a 26 de Novembro de 1967, serviram de inspiração para João Monge escrever, na primeira pessoa, um poema narrativo pelos olhos de uma menina e de sua mãe, que vivem a tragédia de sobreviver, para assistir impotentes ao desaparecimento da sua família, de amigos, de conhecidos. E bastou uma noite de chuva, como tantas outras, para que, de madrugada, o mundo estivesse virado do avesso. A noite do fim do mundo - como alguém lhe chamou – é, ainda hoje, uma história mal contada, 50 anos depois. Maria João Luís, naquele dia com 4 anos, é uma das pessoas que, juntamente com pai, mãe e irmão, sobreviveu àquela noite de Novembro, por viver numa zona alta em Alhandra. Mas foram muitos dos seus familiares - não se sabe ainda quantos - que desapareceram nessa noite.
FICHA TÉCNICA
Texto João Monge | Encenação: Maria João Luís | Interpretação | Maria João Luís e os contrabaixistas: Miguel Leiria Pereira, Sofia Queiroz Orê-Ibir, Sofia Pires | Música ao Vivo de José Peixoto para três contrabaixos | Cenografia José Carretas | Desenho de Luz Pedro Domingos | Assistência de Encenação e Design Gráfico Clarisse Ricardo | Produção Executiva Rita Costa | Direcção de Produção Pedro Domingos | Produção Teatro da Terra | Pintura Soledad Lagruta.