Romance da Raposa

Companhia de Teatro de Almada

Romance da Raposa

Teatro


Domingo, 8

11:00, Avanteatro, Palco

A partir do romance homónimo de Aquilino Ribeiro | Música original de Alexandre Delgado | Encenação e adaptação de Teresa Gafeira | Cenários e figurinos de António Lagarto
Desenho de luz José Carlos Nascimento
Movimento Natasha Tchitcherova
Desenho de maquilhagem Fátima Sousa
Intérpretes Anabela Ribeiro, Carolina Dominguez, João Farraia e João Maionde
Piano Alexei Eremine
Assistente de cenografia Jesus Manuel
Assistente de figurinos Maria Helena Redondo
Execução de pintura de cena Diogo Costa
Mestra de guarda-roupa Aldina Jesus
Execução de adereços de cabeça Rute Reis
Execução de bicórnio Isabel Pereira
Operação de luz Paulo Horta
Duração: 40 min. | M/3

Figura maior da literatura portuguesa do século XX, autor de uma obra que assenta numa escrita de grande virtuosismo narrativo e riqueza lexical e idiomática, dizia-se (em Lisboa) de Aquilino Ribeiro (1885-1963) que tinha levado consigo a província para a cidade. Romance da Raposa, escrito em 1924, para o oferecer pelo Natal a um seu filho, ilustra-o: trata-se de uma história «em harmonia com a ciência natural» de um território em que o «bicho-homem» vive paredes–meias com grande quantidade de bicharada. Uma história que é ao mesmo tempo realista e simbolista, capaz de mostrar às crianças «o mecanismo da astúcia», e pondo «à vista a relojoaria íntima, engenhosa e arteira» da raposa.

Tendo já dedicado ao teatro para a infância alguns grandes textos, a par com um trabalho continuado de pedagogia em torno da chamada grande música, que no teatro de arte encontra um lugar natural, Teresa Gafeira (n. 1952) parece ter reunido nesta sua nova criação o melhor de três mundos: a suprema e exuberante engenharia literária de Aquilino, o génio musical de Alexandre Delgado (n. 1965), a quem entregou a tarefa de compor música nova para uma história sobre uma já velha raposa, e o talento de António Lagarto (n. 1948), autor da cenografia e dos figurinos, para dar a tudo isso um corpo plástico que revisita e transfigura o espírito do tempo de há quase 100 anos, quando Romance da Raposa foi escrito.

Lá estavam o toirão papa-coelhos, de olhos vermelhos, o gato bravo malfeitor e a fuinha com gravatinha de neve e rabo de espanejador. Lá estavam lobos, lobatos e lobinhos, nédios e anafadinhos, ganindo: mate-se! E as raposas, fingidas, a dizer com eles de olhos no chão: senhores compadres, têm razão. Lá estavam doninhas e arganazes, roedores, répteis, e, pelas árvores, a águia, o abutre, o bufo, o nebri, e mais povo dos céus e matas de Portugal. 
Aquilino Ribeiro, Romance da Raposa

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