"Há Beira na Revolta!” é um espectáculo que reúne várias histórias numa Beira Interior situada entre o século XIX e os meados do século XX. Histórias de força, coragem e resistência de um povo cuja insularidade nem sequer está demarcada pela fronteira visual entre o mar e o nada. Longe dos poderes centrais mas sob o jugo de toda a sorte de cacicagem, nesse tal “e o resto é paisagem, mas pagai a portagem”, ali mesmo por entre serras, covas, pedras e mais penhascos, que alma é esta que se ergue, que se levanta, que ecoa, que se avista pelo céu infinito qual nuvem em nome da dignidade humana?
Seguindo este impulso, a Estação Teatral vai, uma vez mais, convergir dois propósitos basilares da abordagem do teatro que há década e meia pesquisa: o recurso a uma arte milenar dos contadores de histórias, onde todos os meios se encerram no corpo do actor, em busca de um Teatro Total, e essa necessidade tão premente de trabalhar com o diverso e rico e plural universo da sua região.
Histórias com (panto)mineiros e capatazes, soldados napoleónicos e guerrilheiros por instinto, gente que amanha a terra ou a vê amanhar, ladrões, guardas e juizes ou juízes, guardas e ladrões, pastores e regedores, ovelhas, cães e assobios, inquisidores e gente sem paciência, silvos, silvas e gente boa sem nome, outra com apelido mas sem eira nem beira... E tudo regado a vinho, a tiros, a desmandos, a desmaios, a perseguições, a quedas, a bordoadas, a pedradas, a palavrões, a punhos erguidos, a gengivas arregaladas, a órbitas a explodir, a canções, a suspiros, a vontades, a respiros e a corações. Sim, talvez só tudo corações.
Dramaturgo e encenador: Nuno Pino Custódio | Designer de cena: Estação Teatral | Actores: Tiago Poiares e Roberto Querido | Músicos: Alexandre Barata, Dário Cunha e Pedro Rufino | Desenhador e operador de Luz: Pedro Fino | Director de Montagem: Pedro Fino | Designer de comunicação: Hugo Domingues | Fotógrafo: Miguel Proença | Assistente de produção: Francisca Vidal | Director de produção: Alexandre Barata