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Um espetáculo de Hélder Mateus da Costa
Este belo e profundo romance convida a uma reflexão dramatúrgica muito entusiasmante. Começa pela invenção do encontro entre Fernando Pessoa já falecido e o heterónimo Ricardo Reis, com casos reais de sexo e paixão, também de ambiente surdo, falso e pesado, e porque fala com humor da relação criador / “obra / figura/personagem”.
Além disso, define como protagonista principal da obra, o ANO em que a trama se desenvolve.
E que ANO!!??
1936! Alguns dados... Comemoração dos 10 anos do golpe militar de 28 de Maio de 1926 que foi o pontapé de saída para o início do fascismo, especialização da polícia política com o apoio da Gestapo, fundação da Mocidade Portuguesa, Legião Portuguesa e campo de concentração do Tarrafal… Mussolini invade a Etiópia com o silêncio cúmplice das casas Reais Europeias, Hitler intensifica o ataque aos judeus, começo da guerra civil de Espanha…
Nos tempos de hoje, de frágil memória, menoridade cívica e ética, fundamentalismos, militarismos, imperialismo financeiro gerando miséria e horror Universais, renascendo a tenebrosa fénix nazi-fascista, aqui está uma obra que demonstra que as convulsões sociais nunca - infelizmente - , passaram a “coisa” datada e de dispensável interesse arqueológico.
Hélder Mateus da Costa
Texto: José Saramago | Dramaturgia e Encenação: Hélder Mateus da Costa | Elenco – Distribuição de Personagens: Adérito Lopes – Ricardo Reis, Ruben Garcia, Fernando Pessoa, Sónia Barradas – Lídia, Carolina Parreira/ Rita Soares – Marcenda, João Maria Pinto – Dr. Sampaio, Samuel Moura – Salvador, Sérgio Moras – Vitor/ Saramago | Direcção de Arte: Maria do Céu Guerra | Iluminação e Vídeo: Paulo Vargues | Sonoplastia: Ricardo Santos | Apoio à Montagem: Fernando Belo | Design Gráfico e Fotografia de Cartaz: Arnaldo Costeira | Fotografia: Luis Rocha - MEF | Spot Divulgação: João Goes | Relações Públicas e Produção: Inês Costa, Paula Coelho, Sónia Barradas