Espaço das Artes
A obra-prima de Pablo Picasso, Guernica, será evocada no Espaço das Artes Plásticas da Festa do Avante!, quando se cumpre o seu 75.º aniversário. Pintado em oito dias para o pavilhão da República Espanhola na Exposição Mundial de Paris, o quadro sofreu inúmeras alterações até se fixar na imagem que hoje conhecemos.
Na Festa, para além de uma reprodução da obra com mais de seis metros de comprimento (ou seja, relativamente próximo dos 7,82m originais) estarão patentes alguns dos mais de 70 estudos realizados por Picasso em torno de Guernica e fotografias de Dora Maar, que acompanhou a pintura do quadro e fixou as diversas alterações que sofreu.
A exposição fica completa com a evocação de dois poemas dedicados a Guernica: Descrição da Guerra em Guernica por Pablo Picasso, de Carlos de Oliveira, dividido em 10 partes relativas a outros tantos segmentos do quadro, apresentados junto ao excerto correspondente do poema; e Guernica, de Eugénio de Andrade, que evoca o grande carvalho que sobreviveu aos bombardeamentos. Haverá ainda um folheto explicativo da obra de Picasso e do acontecimento que inspirou aquele que é porventura o seu mais célebre quadro e vários objectos de banca evocativos da obra-prima do pintor espanhol.
Para além do quadro, é o massacre que ele evoca a ser recordado na Festa: a 26 de Abril de 1937, em plena Guerra Civil de Espanha, a aviação alemã arrasou a cidade basca de Guernica, no país basco (naquele que foi o primeiro bombardeamento aéreo indiscriminado sobre a população civil), num macabro teste do poderio de fogo da máquina de guerra nazi. Guernica é, assim, um poderoso e perene testemunho do desejo dos povos do mundo a viver em paz.
Pablo Picasso, artista genial e combatente pela paz
Guernica é, sem dúvida, a obra-prima de Pablo Picasso e um dos mais reconhecidos quadros de todos os tempos. Mas o pintor espanhol foi um profícuo criador e um dedicado militante do Partido Comunista Francês (país onde se exilou) e do movimento da paz criado nos primeiros anos da Guerra Fria com o objectivo de mobilizar os povos contra o advento de uma nova e ainda mais destruidora guerra.
No âmbito deste movimento, participa em 1948, no Congresso Mundial dos Intelectuais pela Paz e, em Abril do ano seguinte, é uma das suas célebres pombas da paz a ilustrar o primeiro Congresso Mundial dos Partidários da Paz, realizado simultaneamente em Paris e em Praga. Em torno deste tema, faz mais de cem desenhos. Em 1950, vai a Varsóvia, ao segundo Congresso Mundial da Paz, onde é eleito para o Conselho Mundial da Paz aí criado.
Durante a guerra da Coreia (1950-1953), Pablo Picasso mostra uma vez todo seu repúdio pela violência e pela guerra, neste caso pela agressão ao país asiático pelos Estados Unidos da América e seus aliados e pelos horrores cometidos contra civis, mulheres e crianças no seu quadro Massacre na Coreia.