Centenários de Carlos Paredes e Joly Braga Santos - Concerto Sinfónico
Sexta-Feira, 6
22:00, /ampPalco 25 de Abril
Foi assim
Programa
Homenagem a Joly Braga Santos (1924-1988)
Abertura Sinfónica n.º 3 Op. 21 (1954), de Joly Braga Santos
Nocturno para Orquestra de Arcos Op. 12 (1946), de Joly Braga Santos
Alfama (Suite de Bailado) (1956), de Joly Braga Santos
Homenagem a Carlos Paredes (1925-2004)
Lisboa e o Tejo (2011), de Carlos Paredes, arr. Tiago Derriça
1. Amanhecer
2. Serenata
3. Dança Palaciana
4. Canto do Trabalho
5. Canção Verdes Anos
6. Canto da Rua
7. Canto do Rio
Two portraits for Paredes (2023), de Carlos Paredes, arr. Francisco Tavares
1. Em Memória de uma Camponesa Assassinada
2. Dança
Suite Entre Paredes (2021), de Luís Cardoso
A Festa do Avante! celebra este ano a passagem dos centenários de nascimento de dois enormes vultos da história da música em Portugal, Carlos Paredes e Joly Braga Santos, no concerto sinfónico, onde serão interpretadas obras suas e arranjos orquestrais, a partir de criações originais, criações dos jovens compositores Francisco Tavares, Luís Cardoso e Tiago Derriça, interpretadas pela Orquestra Sinfonietta de Lisboa, que será conduzida pelos Maestros Vasco Pearce de Azevedo e Constança Simas, e com o solista de guitarra portuguesa Paulo Soares.
Este espetáculo corresponde, por um lado, a um imperativo cultural e, por outro, tenta corresponder a uma ideia prioritária de valorização dos artistas portugueses, ideia esta que fundamenta há muitos anos o equilíbrio de propostas apresentadas ao público dos espectáculos da Festa do Avante!.
Carlos Paredes, militante do PCP, impôs definitivamente outra dimensão musical para a tradicional guitarra portuguesa, faria 100 anos em 16 de fevereiro de 2025.
Joly Braga Santos faria 100 anos a 14 de maio de 1924, e é um dos grandes compositores portugueses do século XX, criador com reconhecida modernidade e universalidade, cuja reputação tem crescido com o tempo.
Há dois traços comuns entre Paredes e Braga Santos: ambos, por vias e em momentos diferentes, fazem uma ponte entre a música tradicional portuguesa e a música erudita e ambos lidaram com a repressão política e cultural do fascismo português, seja em consequência da clara adesão à luta política e cultural no caso do guitarrista, seja, no caso do compositor e maestro, pelo reflexo das influências da música moderna do século XX, que tantas vezes aborrecia o conservadorismo académico desse tempo. É também por isso que, depois do concerto sinfónico do ano passado na Festa do Avante! ter assinalado os 50 anos da Revolução dos Cravos, o concerto deste ano deve ser entendido como a continuação da celebração da conquista da liberdade em Portugal.
O que vamos ouvir de Joly Braga Santos
A primeira parte do concerto sinfónico é então dedicada a Joly Braga Santos e conta com a interpretação de três peças do compositor: Nocturno para Orquestra de Arcos, a Abertura Sinfónica n.º 3, e Alfama (Suite de Bailado). Nocturno, composto em 1946, foi estreado no ano seguinte no Teatro Nacional de São Carlos pela Orquestra de Cordas da Emissora Nacional, sob a direcção de Pedro de Freitas Branco. A Abertura Sinfónica n.º 3, de 1954, é a última abertura de um conjunto que Braga Santos iniciou em 1946 e é uma das suas obras mais populares. Alfama, de 1956, foi escrita para bailado e consiste numa introdução lenta e meditativa seguida por uma série de danças animadas.
São três exemplos de uma vasta obra, muito rica, complexa e impossível de sintetizar num único concerto, mas que mostram algumas facetas essenciais deste grande compositor: universalidade, ligação à cultura portuguesa, sofisticação intelectual e acessibilidade comunicativa.
O que vamos ouvir de Paredes
A segunda parte do concerto sinfónico será preenchida com três peças concebidas para orquestra a partir da obra de Carlos Paredes, através do trabalho de três jovens compositores portugueses: Francisco Tavares, Luís Cardoso e Tiago Derriça.
O compositor e músico Francisco Tavares (1987), partiu de duas composições de Carlos Paredes, Em Memória de Uma Camponesa Assassinada (sobre Catarina Eufémia) e Dança, para fazer um arranjo orquestral.
Luís Cardoso (1974) é um compositor premiado nacional e internacionalmente, com mais de 100 composições originais e mais de 800 arranjos musicais. É dele a autoria da Suíte Entre Paredes, que inclui no ambiente orquestral vários solos de guitarra portuguesa, que serão interpretados pelo solista Paulo Soares.
Finalmente de Tiago Derriça (1986), outro jovem compositor, galardoado em 2021 com o prémio SPA Autores e, em 2019, com o prémio Criasons, trará o arranjo para orquestra, de sua autoria, com sete composições de Carlos Paredes, incluindo um arranjo para a célebre Verdes Anos. Também aqui Paulo Soares assegurará os solos de guitarra portuguesa.
Maestro Vasco Pearce de Azevedo
Nascido em Lisboa, Vasco Pearce de Azevedo obtém o Bacharelato em Composição na Escola Superior de Música de Lisboa estudando com Christopher Bochmann e Constança Capdeville. Frequenta cursos de direcção orquestral e direcção coral em Portugal, Espanha, França e Bélgica. Conclui em 1995 o mestrado em direcção de orquestra e coro na Universidade de Cincinnati (EUA). Conquista em 1997 o 3.º Prémio no Concurso Maestro Pedro de Freitas Branco e em 1996 uma Menção Honrosa no II Concurso Internacional Fundação Oriente para Jovens Chefes de Orquestra. Conquista em 1988, com o Coro de Câmara Syntagma Musicum, o 1.º Prémio no concurso Novos Valores da Cultura na área de Música Coral e uma Menção Honrosa na área de Composição do mesmo concurso. É desde 1995 Maestro Titular da Sinfonietta de Lisboa. Tem dirigido as Orquestras Sinfónica Portuguesa, Metropolitana, Nacional do Porto, Filarmonia das Beiras, Orquestra Clássica do Sul e Sinfónica Juvenil, entre outras. Actualmente é Professor na Escola Superior de Música de Lisboa.
Maestra Constança Simas
No ano de 2023, Constança Simas teve a sua estreia como maestra convidada com a Orquestra Gulbenkian, a Orquestra do Norte, a Orquestra do Algarve e a Orquestra sem Fronteiras. Como parte da temporada 2023/2024, irá dirigir a National Youth Orchestra of Great Britain (NYO) e a NYO Inspire, nos programas de Primavera, Verão e Outono. Ocupou no último ano a posição de maestra e coordenadora da Orquestra Zohra, sendo responsável por ensinar direcção de orquestra a jovens mulheres Afegãs. Mantém-se actualmente como maestra convidada da Zohra. Na temporada passada teve a sua estreia com a orquestra Southbank Sinfonia em Londres, a Orquestra Clássica do Centro em Coimbra, e exerceu funções de maestra assistente em várias produções com a BBC National Orchestra of Wales; a Welsh National Opera; a Royal Northern Sinfonia; a Orquestra Metropolitana de Lisboa e a Orquestra sem Fronteiras. Em 2021/2022 foi maestra residente do Young Women Opera Makers da Académie du Festival Aix-en-Provence e fellow do programa da Georgia Symphony Orchestra em Atlanta. É proactiva em criar concertos com mensagens e conceitos relevantes para a actualidade, tendo estreado obras por compositores portugueses e produzido espectáculos focados em atingir públicos mais diversos.
Orquestra Sinfonietta de Lisboa
A orquestra Sinfonietta de Lisboa foi fundada em 1995 e tem como Director Artístico e Maestro Titular, Vasco Pearce de Azevedo. Realizou já numerosos concertos, tendo-se apresentado em Lisboa, no CCB e na Fundação Calouste Gulbenkian; no Porto, no Teatro Rivoli; e ainda em vários concelhos do país. Um dos objectivos principais da Sinfonietta de Lisboa é o da divulgação da música de compositores portugueses contemporâneos. É nesse contexto que se inserem as estreias absolutas de obras de vários compositores portugueses e estrangeiros, bem como primeiras audições em Portugal. Desde 2004 a Sinfonietta de Lisboa foi convidada a realizar o concerto de abertura da Festa do Avante!, tendo acompanhado os solistas Pedro Burmester, António Rosado, Mário Laginha, Catia Moreso, Armando Possante, Joana Barata e Mafalda Nejmeddine, entre outros, e ainda o Coral Lisboa Cantat. Gravou música original de Bernardo Sassetti, Carrapatoso e Mário Laguinho para vários filmes.
Paulo Soares solista de guitarra portuguesa
Há mais de 40 anos que Paulo Soares estuda e investiga a guitarra portuguesa e é, certamente, um dos mais profundos conhecedores da guitarra de Carlos Paredes. A sua síntese das técnicas e intenções das guitarras tradicionais de Coimbra e de Lisboa são o alicerce para a sua comprovada versatilidade musical e guitarrística. Tem interpretado não apenas o repertório tradicional mas também peças de sua autoria, dos mais variados guitarristas seus contemporâneos, de compositores eruditos e outras. Tem a experiência de inúmeras actuações por todo o mundo e colaborações com alguns dos artistas mais marcantes da música portuguesa. Ele incluiu a guitarra em diversos agrupamentos musicais, passando pelo acompanhamento de fados, duos, trios, sexteto de guitarras, agrupamento alargado de guitarras, quarteto de cordas, quartetos de saxofones, quinteto de jazz, música pop. Deu recitais de guitarra como solista e também foi solista com várias orquestras clássicas.