Teatro

Final Feliz

Produções acidentais


Sábado, 2

23:30, Avanteatro

Foi assim

Desde sempre os contos tradicionais são usados como instrumentos de regulação de comportamentos, de forma a produzir uma socialização dos jovens adequada à ideologia dominante num determinado contexto histórico. Encontrámos em Dramas de Princesas, de Elfriede Jelinek, Snow, Glass, Apples, de Neil Gaiman, nos contos de Angela Carter, em The Dead Queen de Robert Coover, e em James Garner e Emma Donoghue, uma dimensão de violência e crueldade presente nas versões primevas dos contos tradicionais, que nos interessava particularmente por interpelar directamente os constrangimentos da ideologia patriarcal impostos às figuras femininas. Afinal, as normas sempre ditaram que as mulheres são submissas, mesmo - ou principalmente - na sexualidade, onde a pornografia se assume como instrumento de reforço do status quo. “Ser o objecto do desejo é ser definida pela voz passiva. Existir na voz passiva é morrer na voz passiva – ou seja, ser morta. Essa é a moral que o conto de fadas reserva à mulher perfeita.” [A. Carter] A objectificação sexual promoveu historicamente a desigualdade de género. O feminismo nasceu como um movimento social e político que reivindicava a necessária revogação do regime patriarcal para alcançar a igualdade entre as pessoas. No entanto, a verdade é que ainda hoje existem discursos e práticas sociais que impossibilitam uma verdadeira libertação das mulheres. O final feliz que a modernidade acrescentou aos contos de fadas só é possível porque a figura feminina está morta, ou “impedida de acordar”

Ficha

a partir de Elfriede Jelinek, Emma Donoghue, Neil Gaiman, Angela Carter, Robert Coover, James Garner
Criadores: Sara Castanheira, César Melo, Ricardo Cardoso, Ana Rita Ferreira, Cláudia Sousa, Luzia Paramés
Intérpretes: Sara Castanheira, César Melo, Ricardo Cardoso, Marta Valente, Lucinda Coelho / Margarida Leal
Tradução: Luzia Paramés e Sara Castanheira
Cenografia e Figurinos: Luzia Paramés
Movimento: Isabel Cruz
Desenho de luz e som: Sandro Esperança
Maquilhagem: Cláudia Sousa
Edição vídeo: César Melo
Fotografia: Luís Aniceto
Coordenação: Luzia Paramés
Apoio: Câmara Municipal de Almada
M/14

 

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