Novidades que não se ficam apenas pelas páginas dos livros
Visita obrigatória à Festa do Livro
27 Agosto
Todos os géneros marcam presença, dos grandes clássicos aos novos romances, da literatura infanto-juvenil à poesia, da filosofia à economia, livros de autores nacionais e estrangeiros. Mas a Festa do Livro traz, neste ano, novidades que não se ficam apenas pelas páginas dos livros.
No Auditório da Festa do Livro vão realizar-se três tipos de sessões diferentes: «A escrita em luta», que consiste em debates em torno de livros; «A escrita em dia», as já habituais sessões de apresentação; e «A escrita em pessoa», uma conversa dos autores com os seus leitores.
São três os debates nas sessões «A escrita em luta». O primeiro assinala os 80 anos da abertura do Campo do Tarrafal, com Domingos Abrantes, Rui Mota e José Pedro Soares a falar sobre a mais brutal expressão da violência repressiva da ditadura fascista e a resistência dos comunistas no «Campo da Morte Lenta», partindo dos livros «Dossier Tarrafal» e «Acontecimentos Vividos», de Gabriel Pedro, «Escritos Políticos», de Pedro Soares, e «Memória Viva do Tarrafal», de Gilberto de Oliveira.
No sábado, é a vez de António Avelãs Nunes, Ricardo Oliveira e José Lourenço discutirem a crise do capitalismo, a economia e a política, e como desde o seu início houve filósofos a tentar explicar o mundo e outros a tentar transformá-lo. Será uma sessão plena de actualidade, tendo como ponto de partida «As Origens da Ciência Económica: Fisiocracia, Smith, Ricardo, Marx» e «O Keynesianismo e a Contra-Revolução Monetarista», de Avelãs Nunes, «O Imperialismo, Fase Superior do Capitalismo», de Lénine, e «A Crise do Capitalismo e Marx», do economista italiano Domenico Moro.
No domingo é o Poder Local Democrático que está em discussão, com Lino Paulo e Jorge Cordeiro a fazer uso da revista Poder Local, em papel e online, e dos vários livros publicados na colecção Cadernos Poder Local, que abordam temas que vão da água pública à acção das Comissões Administrativas a seguir ao 25 de Abril.
Apresentações
As sessões de apresentação são cinco: «Palavras Que Respiram», de Domingos Lobo, traz-nos, como nos diz o subtítulo, «30 olhares sobre a literatura portuguesa» num conjunto de «textos de leitura crítica» do autor em várias publicações, entre elas o Avante!; «Hillary Clinton: Rainha do Caos», de Diana Johnstone, um livro de grande utilidade para uma visão crítica neste tempo em que nos aproximamos das eleições presidenciais americanas; «Banif – Uma “Resolução” Feita à Medida», um livro que, fazendo uso do trabalho ímpar dos deputados comunistas na Comissão Parlamentar de Inquérito ao banco, demonstra novamente a necessidade do controlo público da banca que o PCP tem vindo a exigir há anos; «O Grande Conluio Contra a Reforma Agrária», de Mário Moutinho de Pádua, uma peça de teatro em seis actos que lança a reflexão sobre as conquistas da Reforma Agrária e como o grande capital se organizou para a destruir; por último apresentam-se dois volumes de discursos, inéditos, de Álvaro Cunhal sobre o «Fracasso e Derrota do Governo de Direita do PSD/Cavaco Silva», com discursos que abarcam o período de 1989 a 1992, um período muito complexo no plano nacional e internacional, fazendo destes livros obras particularmente ricas de ensinamentos para o futuro.
Conversas
Têm particular destaque também as conversas com os autores que vão estar presentes nesta edição da Festa: Mário de Carvalho e Patrícia Portela. As duas sessões, moderadas por Zeferino Coelho, decorrem às 15 horas de sábado e domingo, respectivamente.
Mário de Carvalho licenciou-se em Direito mas é como escritor que se destaca, tendo publicado cerca de trinta títulos dos mais variados géneros, do romance ao teatro, passando pelo conto, pelo infanto-juvenil e pelo ensaio. Foi, ao longo dos anos, conquistando vários prémios, sendo «Um Deus Passeando pela Brisa da Tarde» a sua obra mais premiada, embora o autor considere «A Sala Magenta» o seu melhor livro. Preferências à parte, é incontornável que Mário de Carvalho é um dos nomes maiores da literatura portuguesa.
Patrícia Portela é, nas palavras de Miguel Real, «a autora mais desconcertante da literatura portuguesa recente». O seu espírito criador, contudo, não se fica pela literatura, tendo uma rica e diversificada obra nas artes performativas, como actriz, encenadora ou cenógrafa, e uma activa participação associativa.
Cruzando barreiras artísticas, da sua obra destacam-se títulos como «Para Cima e Não para Norte», «Banquete» e «Wasteband». O seu último livro, «A Coleção Privada de Acácio Nobre», foi publicado em Abril deste ano.
Todavia, há muito mais para ver na Festa do Livro. Do espaço para os mais novos, que além dos livros tem ateliers e um programa de animação próprio, que promete continuar esse trabalho de aproximar as crianças dos livros, às muitas promoções e descontos, com um sai-sempre a funcionar também, a Festa do Livro é uma visita obrigatória, bem pertinho do Palco 25 de Abril.