Entre as singularidades da Festa está a capacidade que tem de se renovar e de nos surpreender, o que é indissociável da acção criadora do Partido que a promove e ergue a pulso.
 Sobre a Festa do Avante!, em particular sobre aquilo que nela constituem factores distintivos, o difícil mesmo é acrescentar algo a tudo o que já foi dito e escrito.

Do seu pioneirismo, é sabido como nestas 40 edições andou sempre à frente, inovando, abrindo novos caminhos e novos projectos. Como evento político-cultural, é único. Na sua vertente política mais pura, designadamente no Espaço Central, em exposições e debates, é todo um manancial de informação sobre o projecto e propostas do PCP que se abre ao visitante, enriquecendo conhecimento e convidando à reflexão.

O mesmo se diga no que toca ao Espaço Internacional, onde, comungando do internacionalismo dos comunistas portugueses, partidos irmãos e outros partidos e forças progressistas trazem «novas» suas e dos seus povos sobre a luta emancipadora que travam, pela paz, pela democracia, pela justiça social.

Como espaço de liberdade, entretenimento e partilha colectiva, afirmou uma nova concepção de festa, entrosando variadas formas de expressão artística numa simbiose onde coabitam manifestações populares e eruditas, com uma inigualável adesão de massas (vide o concerto de música clássica da noite de sexta-feira).

Do cartaz musical que preenche os vários palcos (onde a música portuguesa ocupa um lugar central) à programação teatral, do cinema às artes plásticas, do desporto à ciência, ao livro ou ao disco, dos espaços dedicados à criança, às mulheres, à emigração ou à juventude, é todo um universo de eventos em simultâneo a captar a atenção do visitante. E com uma riqueza e diversidade tal, cobrindo os mais variados gostos e interesses, que bem se pode dizer que é todo o País que ali se reúne, com o que de melhor tem e faz, a começar pelas suas gentes, homens e mulheres do mundo do trabalho, esse onde se forja a consciência dos lutadores que não desistem de ver cumprido o ideal de viver numa sociedade mais justa e solidária.

Espírito único

Marca própria, indelével, é também a militância que está na base da Festa – indissociável das características de um partido como é o PCP –, protagonizada por quantos, sem distinção de idade, profissão ou credo, dando tudo de si, com satisfação e orgulho, põem a sua energia ao serviço desta enorme construção colectiva, desta grande e fraterna cidade perfumada pelo espírito de Abril, solidária e amiga, aberta a todos – e por isso, inclusiva.

E fazem-no como só eles sabem fazer, em ambiente festivo, com enorme sentido de entreajuda, desde a fase de concepção à construção, ao seu funcionamento, à desmontagem, passando pelo importante trabalho de promoção, divulgação e venda das EP.

Espírito militante e apurado sentido de entrega pessoal que é observável a todos os níveis, incluindo nos mais ínfimos pormenores, seja no traço cuidadoso de uma pintura mural, seja na simpatia do atendimento ao balcão de qualquer stand, seja na dedicação com que se confecciona as iguarias que integram o melhor da nossa gastronomia e que podem ser provadas num sem número de restaurantes, tantos como aqueles onde se pode adquirir peças trabalhadas por engenhosas mãos de artesãos.

Renovação

A mesma e generosa entrega, a mesma consciência revolucionária, afinal, que permitiu superar todas as adversidades e obstáculos – e foram muitos – ao longo desse percurso de quatro décadas em que a Festa por quatro vezes foi alvo de deslocalização até estabilizar em terreno firme, na Atalaia.

Mas não é possível falar de singularidade da Festa sem referir essa outra característica sem igual que é a sua atmosfera afectuosa e solidária, a alegria, a fortíssima presença juvenil, o profundo humanismo que perpassa todo o recinto, em todos os espaços e organizações. Um ambiente que contagia, feito de uma vibração especial, que chega a ter algo de mágico (veja-se a reacção do público aos acordes da Carvalhesa), que não deixa ninguém indiferente.

No fundo, uma extraordinária partilha de afectos, ímpar, a contribuir muito justamente para que da Festa do Avante! se diga que «não há Festa como esta!».

Tal como não se pode ignorar – e este é outro e decisivo traço que a distingue – a capacidade que a Festa tem de se renovar e de nos surpreender, a todos. Porque essa é, no fim de contas, a resultante da energia e da acção criadora do partido que a promove, dos seus militantes, simpatizantes e amigos, dessa imensa força colectiva que a ergue, a pulso. E sempre com a garantia de que, em cada ano, tudo é feito para que a Festa seja melhor do que a do ano anterior, dando uma nova geometria à imensa e maravilhosa cidade, novas formas, novas cores e dizeres, mas igualmente sempre com a determinação e empenho com que no quotidiano estão na linha da frente, ao lado dos seus camaradas de trabalho, na luta contra a exploração e as desigualdades, por melhores condições de vida e um futuro melhor.

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