O programa desportivo da Festa do Avante correspondeu de forma magnífica ao 40.º aniversário da maior manifestação artística, cultural e política a que o nosso País assiste e participa em Setembro de cada ano.

Durante os três dias da Festa, 15 mil cidadãos, de idades, religiões, ideologias e condições sociais mais diversas, praticaram desporto, em termos competitivos ou de demonstração, ou exercitaram-se em uma ou mais das 30 disciplinas que podiam eleger, sempre sob a orientação de técnicos competentes. Foram também milhares os que se sentaram nas bancadas do polidesportivo, por vezes completamente lotado, ou nos outros espaços para apreciarem e aplaudirem a destreza e graciosidade dos atletas que mostraram as suas artes de exibição ou das equipas que se empenharam com grande entusiasmo e lealdade no alcance da vitória.

Lembre-se, porém, que decorreram eventos desportivos sob a égide da Festa muito antes desta começar, como o Passeio de Cicloturismo, no dia 28 de Agosto, que juntou centenas de velocipedistas, dezenas de partidas de futsal, ao longo de meses, para apurar as equipas finalistas que disputaram o título na Atalaia, ou os torneios de malha em terra batida, que envolveram mais de meia centena de equipas, entre femininas e masculinas. Recorde-se, ainda, para que se compreendam bem as coisas, que o Desporto na Festa, com as suas exigências organizativas, técnicas e logísticas, não seria possível sem o apoio de muitas autarquias e de mais de 300 colectividades de distintos pontos do País.

O desporto, como formação do homem, é tão importante para os comunistas como muitas outras vertentes da vida. E, aqui, vem-nos à memória um pensamento expresso por Álvaro Cunhal: «A cultura física e o desporto devem ser, não o privilégio de uma classe ou de uma elite, mas parte integrante da forma de viver de um povo. Devem ser não o motivo de confronto, rivalidade ou até de violência, mas estímulo de aproximação, entendimento, convívio e amizade». O desporto na Festa demonstra o grande esforço dos comunistas para implementar, na nossa sociedade, estes princípios básicos do estar na vida e da cultura humana.

Riqueza e diversidade

São os epítetos adequados para definirmos o programa desportivo da 40.ª Festa do Avante!, que contemplou torneios, aulas abertas, demonstrações, desportos radicais, artes de auto-defesa, jogos tradicionais, actividades para os mais idosos, para os mais novos e para os cidadãos com deficiência. O difícil, por vezes, foi escolher.

No primeiro dia, a Confederação Portuguesa de Yoga mostrou como se relaxava o corpo e o espírito, enquanto várias colectividades e associações deram corpo à Gala das Artes Marciais. Dança do Leão, Kendo, Jiu Jitsu, Gorjuriu Karatedo, Judo, KajuKembo, Krav Maga, Aikido, Capoeira, Kung Fu e Jogo do Pau Português foram as disciplinas que deliciaram um público numeroso, onde havia curiosos e conhecedores. Refira-se que a demonstração das especialidades de Ba Gua Zhang e Tai Chi Chyan de Kung Fu esteve a cargo de dois reputados mestres chineses, Guo Hao e Guo Zhogjia, que vieram expressamente do seu longínquo país para empolgarem os praticantes desta luta e o muito público que encheu as bancadas do ringue.

Quem quis, pôde jogar matraquilhos em regime livre, no Matraquilhómetro, onde havia uma mesa para os mais pequenitos, ou assistir a uma demonstração de Boxe e Kikboxing.

No sábado, o programa foi muito mais basto: Andebol e Basquetebol em cadeira de rodas, Basquetebol juvenil, Futsal, Sarau Gímnico, onde evoluíram as escolas do Clube Recreativo da Cruz de Pau, Clube Desportivo e Recreativo Brasileiro/Rouxinol, Grupo Dramático Corações de Vale Figueira, Academia de Ginástica Rítmica Cátia Henriques, Associação de Moradores dos Redondos e Grupo Desportivo Pirescoxe. Também Danças de Salão, por diversas escolas da Área Metropolitana de Lisboa, entre as quais a Associação de Paralisia Cerebral de Almada e Seixal (APCAS). Com as bancadas à roda do polidesportivo a botar por fora, foi um deleite admirar a elegância e a técnica de algumas dezenas de jovens dançarinos em passes de valsa, tango, paso doble, rumba, salsa, samba…

Houve, ainda, Jogos Tradicionais, como Tração à Corda, Bola às Latas, Jogo do Sapo, Chinquilho, 31, Burro, 5 Pianos e Corrida de Sacos, uma forma de preservar a memória dos nossos antepassados, que não tinham «tablet», mas que, porventura, ganhavam saberes mais sábios, e jogos de Boccia, orientados pela APCAS.

Futsal bem jogado

No sábado e domingo, disputaram-se as finais de futsal nos vários escalões. A este derradeiro tira-teimas, chegaram os emblemas que foram disputando torneios de apuramento, que decorreram em todo o País ao longo de meses.

Em seniores masculinos, o Carlimp (Seixal) venceu por 3:1 o Bugio Futebol Clube (Lisboa), num jogo emotivo, veloz e tecnicamente muito bom, enquanto em femininos o CDR do Fogueteiro fez valer a sua superioridade sobre o GD da Quinta da Princesa (3:1).

Todavia, muito agradável de ver foram as finais dos escalões de formação. Em petizes (5 e 6 anos), a formação do Sporting Club de Portugal impôs-se à Associação Juvenil Frassati por 6:0; em traquinas (7 e 8 anos), o GDR do Fogueteiro levou de vencida o Clube Associação Desportiva Cinza Fénix por 3:6, enquanto em benjamins o 1.º de Maio Futebol Clube Sarilhense alcançou a vitória por um golo sem resposta frente ao Ginásio Clube de Corroios.

Jogou-se também uma final de Hóquei em Patins, na categoria de benjamins, tendo o Grupo Desportivo Fabril sido implacável (9:1) face ao Grupo Desportivo Criar-T Seixal Hóquei.

Falando de outras modalidades, o Ginásio Barreirense foi o primeiro no Chinquilho de Malha pequena, enquanto os matraquilhos deram-nos como vencedores Francisco Moura (juniores), Inês Gonçalves (absolutos femininos) e o par Carlos Silva/Jorge Lopes (masculinos).

A parede de escalada teve sempre muitos «clientes», novos ou muito novos. Refira-se que três jovens do Reino Unido, mais um português que também lá vive, viajaram expressamente para o nosso País para «darem uma mão», durante os três dias, a esta espectacular modalidade. Os nossos camaradas que estiveram a orientar o «slide» também não tiveram mãos a medir. A sensação de perigo, apenas sensação, e do desconhecido continua a atrair muita gente.

O torneio de Xadrez, disputado no sistema suíço, foi vencido por Guerreiro de Jesus, do ADRC Mata de Benfica, que deixou os lugares subsequentes para Figueiredo da Rocha, do Grupo Desportivo do Cavadas, e António Luís, individual. Na simultânea, Mário Figueiredo venceu 21 tabuleiros, cedendo apenas um empate.

Disse-nos o xadrezista, campeão distrital de Setúbal: «Há muitos anos que participo nos torneios da Festa, que são diferentes dos torneios federados: aqui, os jovens podem usufruir do gozo proporcionado pelo jogo e do prazer da confraternização. Aqui, o que conta é o companheirismo, o estarmos juntos no tempo». Quanto à evolução da modalidade, realçou que «está no bom caminho, à conta do esforço dos clubes e dos apoios das autarquias». Boby Ficher é o seu ídolo.

Um mar de gente e um recorde por terra

A 29.ª Corrida da Festa bateu todos os recordes, ao congregar mais de 3000 atletas e 500 caminhantes. Numa manhã luminosa e de muito calor, o percurso de 10 200 metros iniciou-se no Coreto de Amora, bordejou a deslumbrante Baía do Seixal até à antiga Mundet, subiu até ver Lisboa, desceu para voltar a cruzar a Ponte da Fraternidade e terminou dentro de portas da Festa, junto ao lago.

Sandra Protássio, do Sporting CP, foi a mais rápida das mulheres, Nelson Cruz imitou-a no sector masculino. Um pouco menos velozes foram Marta Barata (2.ª), individual, e Tânia Silva (3.ª), do Liberdade FC. Nos homens, Pedro Arsénio, do GDR da Reboleiro, e Miguel Quaresma, dos Ingleses FC, posicionaram-se nos 2.º e 3.º lugares.

Colectivamente, ganhou o Clube Pedro Pessoa, seguido dos Ingleses FC e do CDR Ribeirinho.

Octávio Augusto, da Comissão Política do Comité Central, saudou os participantes e todos os que tornaram perfeita a Corrida da Festa, e lembrou que o Partido sempre teve como preocupação a popularização da prática desportiva, alicerçando-se no lema de Abril «Desporto Para Todos». «Chegamos à edição 40.ª da nossa Festa com melhores condições e outra visibilidade. O desporto poderá beneficiar do alargamento espacial da Festa, que assim sofrerá um novo impulso».

Ouvimos também os vencedores, começando pela Sandra, visivelmente satisfeita com o êxito alcançado, como bem se compreenderá: «É a terceira vez que participo nesta corrida. Confesso que gosto muito de vir aqui. Venho no sábado e fico para o resto da Festa. O percurso é muito bonito, e esta é uma boa prova para fazer no início da época. É um privilégio para muita gente, e também para mim. Acho que esta experiência vai continuar».

E agora Nelson Cruz, que é, lembre-se, o actual campeão nacional de corta-mato: «Corro esta prova há muitos anos e venço-a pela quarta vez consecutiva. Este ano houve muita competitividade e a subida que encontrámos a meio dificultou as coisas. Ganhar aqui, nesta Festa, é sempre um motivo de orgulho, até porque sou do concelho do Seixal. Qual os objectivos a seguir? Fazer o melhor no Campeonato Nacional de Corta-Mato e, se puder, ganhar».

No momento da partida, Leonor Moniz Pereira ouviu breves palavras de homenagem e agradecimento ao pai professor, «pelo que fez pelo desenvolvimento desportivo do País e papel que desempenhou na organização do Desporto na Festa». Acompanhava-a Francisco Silva, antigo atleta olímpico, que participou na cerimónia da entrega de prémios, bem como representantes associativos, dirigentes desportivos e autarcas, incluindo Joaquim Santos, presidente da Câmara do Seixal, que também engrossou o pelotão que cobriu os 10 200 metros.

As actividades desportivas encerraram com um belíssimo programa de Patinagem Artística protagonizado pelos patinadores do Clube do Pessoal da Siderurgia Nacional, Clube Naval Setubalense, União Desportiva e Cultural Banheirense, Grupo Desportivo Fabril e Sociedade Filarmónica União e Recreio Alhosvedrenses.

Em jornal «Avante!»

Partilhar