Orquestra Sinfonietta de Lisboa – Maestro: Vasco Pearce de Azevedo

CORO sinfónico LISBOA CANTAT – Maestro: Jorge Carvalho Alves

Solistas: Ana Paula Russo Helena Carvalho Pereira – Soprano, Cátia Moreso – Meio-Soprano, Marco Alves dos Santos – Tenor, Jorge Carvalho Alves – Tenor, José Corvelo – Barítono, Filipe Melo – Piano e órgão Hammond, António Rosado – Piano


Programa

1. Georges Bizet
“L’Arlesiénne» nº 2
Orquestra

2. Giuseppe Verdi
“Va pensiero” da ópera “Nabucco”
Coro e orquestra

3. Mikhail Glinka
“Ruslan e Ludmilla”, abertura
Orquestra

4. Étienne Nicolas Méhul
Poema de Marie-Joseph Chénier
“Le Chant du Départ”
Coro, orquestra, 2 solistas masculinos, 2 solistas femininos

5. Ludwig van Beethoven
Coriolano, abertura
Orquestra

6. “Free at last”
Espiritual negro, rec. J. W. Work
Coro, Hammond B3 (Filipe de Melo)

7. “Acordai”
José Gomes Ferreira / Fernando Lopes-Graça (“Heróicas”)
Coro, piano (Filipe de Melo)

8. “Jornada”
José Gomes Ferreira / Fernando Lopes-Graça (“Heróicas”)
Coro, piano (Filipe Melo)

9. “Katyusha”
Mikhail Isakovsky / Matvei Blanter
Coro, orquestra

10. Dmitri Shostakovich
Sinfonia nº 10, 2º andamento
Orquestra

11.Ain’ That  Good News
Espiritual negro, (trad.)
Coro, Hammond B3 (Filipe de Melo)

12. “El Pueblo Unido Jamás Será Vencido”
Sergio Ortega
Coro, piano (Filipe Melo)

13. Ludwig van Beethoven
Fantasia Coral op. 80
Coro, Ana Paula Russo (sop.), Helena Carvalho Pereira (sop.), Catia Moteso (alt), Marco Alves
dos Santos (ten.), Jorge Alves (tem.), José Corvelo (bar.), António Rosado, (piano),
orquestra

Quem, todos os anos, decide reservar o primeiro fim de semana de Setembro para, depois de um merecido retempero de férias, preparar o regresso à dureza, à intensidade ou à concentração da labuta quotidiana, já sabe que a ida e a frequência quotidiana da Festa do “Avante!” é a melhor forma de reencontrar velhos amigos, conhecer novos camaradas, conviver humanamente da forma mais sã e democrática e intervir na discussão política sobre diversas e candentes questões da actualidade nacional e internacional, sem deixar de fruir e participar, naturalmente, de uma das características mais fascinantes e inigualáveis de uma manifestação de massas como esta: a possibilidade de assistir a uma multiplicidade de espectáculos em todos os domínios da Arte e da Cultura popular e erudita.

E é fora de dúvida que, logo a abertura da Festa, na 6ª feira à noite, no Palco 25 de Abril, se transformou de há muitos anos para cá numa manifestação cultural verdadeiramente única, sem par no nosso país, pela oportunidade aberta a milhares de visitantes de entrar em contacto, quantas vezes na sua primeira oportunidade e com a formalidade descontraída e sempre composta que nos caracteriza, com a Grande Música, seja ela clássica ou contemporânea, do género operístico ou sinfónico, para volumosas massas orquestrais, pequenos e grandes coros, e solistas dos mais consagrados ou em começo de promissoras carreiras.

Se é certo que este ano se comemora o 40º. aniversário da própria Festa, não poderia ser de forma diversa concebido o seu concerto de abertura e, neste sentido, o seu repertório, escolhido de forma muito aberta, deveria preferencialmente abarcar géneros muito diversificados, dando atenção particular aos vários tipos de público que preenche, até às alamedas laterais, o recinto central em frente do Palco 25 de Abril.

Por maioria de razões foi, sobretudo, à música festiva ou à música da exaltação da grandeza do Homem, no seu percurso contra a opressão, pelos direitos cívicos, pela Liberdade e pela Democracia que atribuímos a nossa principal atenção, seja ela música programática no sentido mais profundo do termo, seja ela pura música de regozijo e circunstância.

Neste sentido, a conjugação da leveza orquestral de um Bizet com o poder vigoroso de um Beethoven, das características claramente nacionais de um Shostakovitch ou de um Glinka com a forte personalidade e identidade dos “espirituais negros”, dos ecos sempre inspiradores da Revolução Francesa com a ressonância heróica das canções de Lopes-Graça ou da força agregadora de Ortega, vão de par com uma atmosfera geral de celebração e, ao mesmo, de um emocionante, consciente e invejável espírito comemorativo, susceptível de se transferir, no dia seguinte, para a nossas próprias vidas e de nos transmitir renovadas forças e coragem na prossecução dos passos necessários para transformar em certezas os ainda insuficientes sinais de mudança e de esperança que este ano nos trouxe.


Compositores

George Bizet (1838-1875)

Suite L’ Arlésienne nº. 2

Composta como música de cena para a peça L’ Arlésienne (de Alphonse Daudet), por ocasião da estreia desta em Outubro de 1872, esta famosa obra do grande compositor francês dividia-se em mais de 20 números musicais de maior ou menor duração, que intervinham como comentário ou pontuação às incidências e ao desenrolar da intriga.

Dizem as crónicas que a peça teatral em questão não suscitou particular êxito nem demorou muito tempo em cena; mas o facto é que a música, como tal, isoladamente considerada, sobreviveu com particular apreço por parte do público, como obra simultaneamente de grande fôlego e delicadeza.

Geralmente dividida, enquanto música pura, em duas suites, por vezes tocadas em separado, aquela que ouviremos a abrir o concerto de hoje é precisamente a número dois. E o arranjo orquestral que ficou conhecido desta parte, realizado por Ernest Guiraud a partir dos temas originais de Bizet, foi publicado já em 1879, portanto após a morte do compositor, mas mantendo-se fiel e conservando o habitual fascínio e musicalidade do mestre.

Dividida em quatro andamentos — I – Pastoral; II – Intermezzo; III – Minueto; e IV – Farândola –, este último inclui a famosa Marcha dos Reis, que era ouvida no início da peça.

Giuseppe Verdi (1813-1901)

Va pensiero (Coro) da Ópera Nabucco

Giuseppe Verdi foi um dos maiores compositores italianos de todos os tempos, em particular no domínio da Ópera, no qual sucedeu, em termos de importância e grandiosidade, a outros grandes compatriotas seus como Bellini, Donizetti ou Rossini.

Quantos melómanos não continuam a nutrir uma permanente paixão pela audição de obras-primas imortais da sua lavra, como Macbeth, Rigoletto, Os Trovadores, Um Baile de Máscaras, A Força do Destino, Don Carlos, Aida, Otello, para apenas mencionar algumas das mais conhecidas.

Sendo que, por um lado, a sua volumosa produção musical o transformou numa das personalidades mais singulares e distintas do movimento operático italiano, o cidadão Verdi sempre se distinguiu, por outro lado, no plano cívico e político, o que se traduziu, por exemplo, na sua adesão ao movimento do Rissorgimento que sempre pugnou e se bateu pela reunificação da Pátria. Não por acaso, vários trechos corais das suas óperas reflectiram em particular e da melhor maneira este posicionamento e estas ideias, como se diz ser o caso daquele que teremos o gosto de ouvir neste concerto: o muito célebre Va Pensiero, da ópera Nabucco (estreada em 9 de Março de 1842 no Teatro alla Scala, de Milão).

Também conhecido como Coro dos Escravos Hebreus, este trecho poderoso e pleno de significado situa-se no terceiro acto da ópera, tendo alguns estudiosos italianos adiantado que a sua composição e introdução na ópera terá sido pensada, pelo compositor, como um hino que unisse todos os patriotas italianos.

E o facto é que, até aos dias de hoje, este sentimento se tem mantido, tendo ficado célebre, durante uma récita do Nabucco, realizada em 2011 no Teatro de Ópera de Roma, uma intervenção política do maestro Riccardo Mutti perante o próprio Berlusconi, em protesto contra os cortes orçamentais e pela soberania da Itália, seguida da execução de Va Pensiero, pelo coro e por toda a assistência presente.

Mikhail Glinka (1813-1901)

Ruslan e Ludmilla (Abertura)

Eis de novo mais música de cena a ilustrar este concerto. Desta vez, trata-se da conhecida Abertura para a ópera Ruslan e Ludmilla, uma obra de clara inspiração russa, de grande insinuação melódica e harmónica e poder sonoro e orquestral, que o compositor russo Mikhail Glinka compôs ao longo de seis anos, entre 1837 e 1842.

Esta ópera, com libreto de Valerian Shirkov, Nestor Kukolnik e N.A. Markevich, teve como ponto de partida e inspiração o poema homónimo de Alexander Pushkin, datado de inícios dos anos 20 do século xix, e, para além da sua estreia pouco entusiástica em S. Petersburgo, em 1842, dada então a supremacia e a moda da ópera ao «estilo italiano», foi muito bem recebida nas suas estreias de Londres (1931) e Nova Iorque (1942), esta numa versão de concerto.

Do muito que se poderia dizer desta obra, refira-se, a título de curiosidade, que a Abertura, que ouviremos, é tradicionalmente considerada um verdadeiro «pesadelo» para o naipe de contrabaixos, dadas as dificílimas passagens que estão a seu cargo. No geral, para além da utilização de melodias do folclore russo, Ruslan e Ludmilla, é muito apreciada ainda entre os compositores, pelo o uso (pouco habitual à época) de modos orientais e da escala de tons inteiros.

Étienne Nicolas Méhul

«Chant du Départ» – Poema de Marie-Joseph Chénier

Nascido em 22 de Junho de 1763 e falecido em 18 de Outubro de 1817, Étienne Nicholas Méhul é considerado o compositor clássico mais importante do período da Revolução Francesa. Além de numerosos concertos e óperas (entre as quais se destaca «Eufrosina»), compôs várias peças de índole patriótica para serem apresentadas em espectáculos e celebrações do período revolucionário.

Entre estas, a mais conhecida é «Le Chant du Départ», com letra de Marie-Joseph Chénier, irmão de André Chénier. O tema celebrou a derrota das tropas estrangeiras que ameaçavam a revolução, referindo igualmente as lutas travadas na Vendeia entre os exércitos republicanos e os monarquistas chouans.

Altamente apreciada quando da sua estreia (nomeadamente por Robespierre) o «Chant du Départ» foi considerado hino oficial militar e milhares de pautas foram distribuídas pelos regimentos, o que levou os soldados a baptizarem-no «A Irmã da Marselhesa».

Desenvolvendo-se em vários quadros, o mais popular refere os fuzilamentos pelos monarquistas dos jovens tambores republicanos Joseph Bara (com 12 anos, feito prisioneiro, recusou gritar «Vive le roi», respondendo «Vive la République) e Joseph Agricole Viala, com 13 anos, abatido quando tentava derrubar uma ponte de forma a impedir o avanço adversário.

Free at Last

Espiritual negro, rec. J.W Work

O espiritual Free at Last, incluído embora no reportório de vários grupos corais e solistas (Joan Baez, Al Gre, Mal Waldron) ganhou particular dimensão cultural e política em 1963, quando da Marcha sobre Washington na qual Martin Luther King encerraria o famoso discurso I Have a Dream com uma avassaladora declamação dos últimos versos do tema: And when this happens, when we allow freedom to ring, when we let it ring from every village and hamlet, from every state and every city, we will be able to speed up that day when all of God’s children, black men and white men, Jews and Gentiles, Protestants and Catholics, will be able to join hands and sing in the words of the old Negro spiritual, «Free at last! Free at last! Thank God almighty, we’re free at last!».

É possível encontrar o clip do discurso em https://www.youtube.com/watch?v=gevdV4LvipQ

Fernando Lopes-Graça (1906-1994) – José Gomes Ferreira (1900-1985)

Canções heróicas

Num concerto tão especial como este, não poderia faltar a presença de um compositor português e, de entre todos eles, Fernando Lopes-Graça seria a escolha mais natural.

Considerando-se, a si próprio, nem um «compositor político» nem um «político compositor» — mas sim «um artista (…) inseparável dos compromissos que, como cidadão, tinha com a “Cidade” e com a “Grei”» (citação livre de um estudo de Teresa Cascudo) — Lopes-Graça foi natural e inequivocamente, durante a sua vida, um exemplo de trato fácil e humor franco, contagiante cidadania e fina ironia, integridade ética, talento artístico e empenhamento político, multifacetado e insubstituível no seu pensamento teórico e na própria praxis musical e abordando um espectro composicional extremamente diversificado, que podia ir da obra orquestral da mais transcendente modernidade até à mais «simples» (mas jamais «fácil» e «óbvia») harmonização de uma canção regional ou de um canto de intervenção política.

É esta faceta do grande Mestre de que hoje teremos dois exemplos, saídos do conjunto das Canções Heróicas, compostas por Lopes-Graça para poemas de grandes escritores e poetas portugueses: Acordai e Jornada, ambas com poemas de José Gomes Ferreira.

Acordai

(Canção Heróica)

Acordai
acordai
homens que dormis
a embalar a dor
dos silêncios vis
vinde no clamor
das almas viris
arrancar a flor
que dorme na raíz

Acordai
acordai
raios e tufões
que dormis no ar
e nas multidões
vinde incendiar
de astros e canções
as pedras do mar
o mundo e os corações

Acordai
acendei
de almas e de sóis
este mar sem cais
nem luz de faróis
e acordai depois
das lutas finais
os nossos heróis
que dormem nos covais
Acordai!

Mais conhecidas na interpretação do Coro da Academia de Amadores de Música — para o qual foram escritas — com Olga Prats (piano), as Canções Heróicas datam de meados dos anos 40, quando Lopes-Graça adere ao MUD e, pouco depois, ao PCP. Inicialmente, foram particularmente editadas em volumes diferentemente intitulados e destinavam-se a ser cantadas pelos resistentes políticos antifascistas, em reuniões clandestinas de trabalho e confraternização política, manifestações e concertos públicos e até cantadas nas prisões e no exílio pelos resistentes à ditadura. Jornada, também com poema de José Gomes Ferreira, foi uma das Canções Heróicas mais significantes e mobilizadoras.

Jornada (Canção Heróica)

Não fiques para trás oh companheiro
É de aço esta fúria que nos leva
Para não te perderes no nevoeiro
Segue os nossos corações na treva.

Vozes ao alto, vozes ao alto
Unidos como os dedos da mão
Havemos de chegar ao fim da estrada
Ao sol desta canção.

Aqueles que se percam no caminho
Que importa? Chegarão no nosso brado
Porque nenhum de nós anda sózinho
E até mortos vão a nosso lado.

Vozes ao alto, vozes ao alto
Unidos como os dedos da mão
Havemos de chegar ao fim da estrada
Ao sol desta canção.

Dmitri Shostakovich(1906-1975)

Sinfonia nº. 10 em Mi menor, op. 93
Allegro (2º. Andamento)

Mais um exemplo da grande música russa/ /soviética, agora pelo traço sempre inspiradíssimo e singular de um dos seus maiores compositores — Dmitri Shostakovitch, Entre as suas 15 Sinfonias, a Sinfonia nº. 10, em Mi menor, op. 93, foi estreada pela Orquestra Filarmónica de Leninegrado, sob a direcção de Yevgeny Mravinsky, em Dezembro de 1953, ou seja, nove meses após a morte de Joseph Stalin, embora não seja claro em que período daquele ano o compositor lhe dedicou maior trabalho e empenho composicional. Trata-se de um dos mais brilhantes exemplos da multiplicidade de influências e direcções estéticas que ocupavam, preocupavam e inspiravam a transbordante imaginação do compositor, desde a grande tradição sinfónica, até à evocação da música popular russa, sempre temperada por uma originalíssima vontade de modernidade.

Neste concerto, a nossa atenção concentrar-se-á na dificílima execução do 2º. Andamento, Allegro, um scherzo curto e impetuoso, tecnicamente exigente pelo obsessivo uso das passagens em semi-colcheias e pela dinâmica polirritmia e sincopado da percussão.

«Katyusha»

Mikhail Isakowsky/Matwec Blanter

Um pouco por todo o Mundo, faz parte do imaginário poético a figura feminina de noiva ou namorada que, esperançosa, aguarda o regresso do seu apaixonado mobilizado para a guerra em períodos de conflitos militares. Nomeadamente na literatura e música populares são inúmeras as figuras tradicionais de jovens em torno dos quais se desenvolve uma vasta literatura de amor, afectos e desgostos, figuras e lendas.

Do cancioneiro soviético ligado à II Guerra Mundial, duas canções deste património ganharam projecção universal – «Kalinka» e «Katyusha», em grande medida graças à divulgação pelos Coros do Exército Vermelho criados por Boris Alexandrov.

Ambos diminutivos afectuosos de nomes femininos,«Katyusha» ganharia ainda outro significado, fruto do apreço que a infantaria soviética criou pela viatura equipada com múltiplos lança-foguetes, característica dos campos da batalha de 41-45.

Os artilheiros do exército vermelho não nutriam grande entusiasmo pelas «Katyushas», que tinham por pouco certeiras e morosas no recarregamento, mas em compensação os soldados russos e alemães consideravam-nas de grande eficácia como apoio de ofensivas terrestres e blindadas.

«Ain’ That Good News»

Espiritual Negro (trad.)

De criação anónima popular como a esmagadora maioria dos temas espirituais afro-americanos, Ain’ That Good News existe em diversas colectâneas compiladas ao longo nomeadamente do séc. xix, com várias versões quer na letra, quer na harmonização, correspondendo em geral aos estilos característicos das regiões do Sul dos EUA onde foram recolhidas, mantendo-se naturalmente em todos o cunho religioso que encobre a lamentação e o protesto pela situação esclavagista e de segregação racial.

À semelhança de outros espirituais que se tornaram standards de jazz e de rhythm & blues nas vozes de intérpretes como Ella Fitgerald, Paul Robeson, Aretha Franklin e muitos outros, Ain’That Good News ganhou especial popularidade a partir da gravação realizada em 1964 pelo cantor Sam Cooke de que resultariam numerosos covers.

Adaptado por Cooke numa situação pessoal particularmente dramática (morte por afogamento do seu filho, então com 18 anos), o invulgar arranjo incluindo não apenas o tradicional coro, mas também um vasto e complexo arranjo instrumental que viria a influenciar o som característico do R&B dos anos 60/70, mantendo até hoje enorme popularidade, quer na versão coral mais tradicional, quer nos mais diversos acompanhamentos instrumentais, desde o singelo trio piano-baixo-bateria até a orquestras mais elaboradas como a da conhecida versão de Wynton Marsalis para a orquestra do Lincoln Center.

Sergio Ortega

«El Pueblo Unido Jamás Será Vencido»

Ambas da autoria de Sérgio Ortega Alvarado (1938-2003), fundador do grupo da Nueva Trova chilena Inti-Illimani, as canções «El Pueblo Unido» e «Venceremos» são seguramente os mais conhecidos temas do vasto cancioneiro criado durante o governo de Unidade Popular de Salvador Allende.

A frase que constitui o refrão de «El Pueblo Unido», praticamente recitado, muito contribuiu para a expressão da canção com versões totais ou parciais em dezenas de línguas. A primeira gravação realizou-se durante uma gigantesca acção de massas em Santiago do Chile, escassos três meses antes do golpe de Pinochet. Na data do golpe, Ortega e o seu grupo encontravam-se em Paris, participando na Festa do L’Humanité, vivendo no exílio até à sua morte, não apenas em França, mas em numerosos países (incluindo Portugal) onde participaram em inúmeras iniciativas de solidariedade com o Chile.

Ludwig van Beethoven (1770-1827)

Coriolano, op. 62, em Dó menor – (Abertura)

A abertura Coriolano foi composta em 1807 por Ludwig van Beethoven para a tragédia teatral do mesmo título escrita por Heinrich Joseph von Collin (não confundir, portanto, com uma outra peça Coriolanus, bem mais conhecida, de William Shakespeare, na qual Collin se inspirou).

Esta obra que, na sua construção e evolução temática, segue a par e passo o desenrolar da trama, foi estreada em Março de 1807 num concerto privado no palácio do Princípe Franz Joseph von Lobkowitz, e tem naturalmente um único andamento: Allegro com brio. E brio é o que não falta, naturalmente, na invenção dos temas e no seu desenvolvimento e encadeamento, enriquecidos pela maestria das dinâmicas e da orquestração, que não traem o génio do compositor.

Fantasia Coral, op. 80, em Dó menor

É esta, sem dúvida, a peça mais transcendente e fulgurante de todo este concerto de abertura.

Não apenas pela genialidade da música do grande Mestre de Bona mas porque estarão em acção, na sua plenitude e certamente dando o máximo de si, numa obra de considerável duração, a orquestra e o coro sinfónicos, 4 solistas vocais e ainda um solista de piano.

Frequentemente associada à 9ª. Sinfonia de Beethoven, essa associação não é apenas devida à similitude (excluindo naturalmente o piano-solo) dos exigentes dispositivos instrumentais e vocais que o compositor escolheu para esta obra mas também a uma associação ou parentesco entre o tema principal da Fantasia e o do próprio Hino à Alegria com que termina o 4º. e último andamento daquela sinfonia.

A Fantasia Coral op. 80, foi composta em 1808 para um concerto especial de beneficência realizado em 22 de Dezembro do mesmo ano na Akademie, no qual foram também estreadas a 5.ª e a 6.ª sinfonias, o 4.º Concerto para Piano e Orquestra, assim como excertos da Missa em Dó Maior (!!!). Coisa pouca, portanto! Nestas condições, Beethoven, com a apresentação de um tal repertório e a possibilidade de utilização de uma orquestra, um coro, quatro solistas vocais e um pianista solista, tinha então à sua disposição o «material humano» capaz de estrear, ainda, esta Fantasia Coral, sendo difícil de imaginar o resultado final de um tal concerto.

Para a execução na Festa desta peça, convidámos os cantores Ana Paula Russo, Cátia Moreso, Marco Alves dos Santos e José Corvelo, bem como o pianista António Rosado, que estarão à frente da Orquestra Sinfonietta de Lisboa e do Coro Sinfónico «Lisboa Cantat», dirigidos respectivamente por Vasco Pearce de Azevedo e Jorge Carvalho Alves.


Solistas

Ana Paula Russo

Soprano

Nasceu em Beja em 1959. Completou o Curso Superior de Canto do Conservatório Nacional e licenciou-se em Canto pela Escola Superior de Música de Lisboa. Estudou em Salzburg e Luzern com Elisabeth Grümmer e H. Diez. Trabalhou ainda com Gino Becchi, C. Thiolass, Regine Resnick e Marimi del Pozo.

Como solista, tem actuado em inúmeros concertos de «Lied», ópera e oratória, quer no nosso país, quer no estrangeiro. Destacam-se, nomeadamente, trabalhos para a Fundação Gulbenkian, RTP, RDP, Europália-91 (em Bruxelas), espectáculos no âmbito de Lisboa’ 94 — Capital da Cultura e a participação nos festivais de música dos Capuchos, Leiria, Estoril, Algarve, Póvoa de Varzim, Figueira da Foz e no Festival Internacional de Macau. Em 1988 obteve o 1.º prémio de Canto no Concurso da Juventude Musical Portuguesa e no Concurso Olga Violante; no mesmo ano, em Barcelona, foi finalista no Concurso Francisco Viñas. Em 1990 foi laureada nos concursos internacionais de Oviedo e Luísa Todi.

Em Abril de 1998 integrou o elenco que fez a estreia mundial da ópera «Os Dias Levantados», de António Pinho Vargas. Foi escolhida para desempenhar um dos papéis principais da ópera «Corvo Branco», de Philip Glass, levada à cena na Expo’ 98 e no Teatro Real de Madrid e, em Julho de 2001, no New York State Theatre (Lincoln Center – Nova Iorque). Foi colaboradora do programa o «Despertar dos Músicos», «Acordar a Dois», «Amanhecer» e «Noite de Ópera» da Antena 2.

Como autora foi responsável pelo programa «Cantabile» e actualmente pelo «EmCanto». Na sua actividade docente, orientou a classe de Canto na Juventude Musical Portuguesa e na Escola de Música de Linda-a-Velha. Em 1994 orientou um Curso de Canto na Escola de Música de Santarém. Exerce, presentemente, funções de professora de Canto da Escola de Música do Conservatório Nacional de Lisboa. Actuou em Galas de Ópera na Festa do Avante!

Helena Carvalho Pereira

Soprano

Iniciou os estudos de canto com o Maestro Artur Carneiro da F. C. Gulbenkian e prosseguiu os seus estudos com Margarida Marecos e José Manuel Araújo.

Ingressou no Conservatório de Música de Lisboa no Curso Oficial de Canto onde trabalhou com Ana Paula Russo, Laryssa Savchenko, Teresita Gutierrez e Daniel Schvetz, Curso que concluiu com elevada classificação. Trabalhou com os Maestros Jorge Carvalho Alves e Nuno Margarido Lopes, trabalhou também a nível de Masterclass com o Maestro João Paulo Santos, Elisabete de Matos, Enza Ferrari, Jill Feldman entre outros.

Como solista participou no Requiem de Fauré, na ‘Missa da Festa do Senhor Jesus’ de José Luís da Silveira (estreia em tempos modernos), na  Ópera ‘Ester’ de António Leal Moreira onde desempenhou o papel de ‘Harbona’ (estreia em tempos modernos), ambas as peças foram difundidas em directo pela Antena 2, e também em Concerto com a Orquestra Metropolitana de Lisboa.

Realiza com frequência recitais de Musica de Câmara um pouco por todo o País. Colabora também com o Sintra Estúdio de Ópera desde 2006, com o Maestro e Musicólogo Miguel Anastácio e aposta na divulgação do Património Musical Português arquivado nas principais Bibliotecas de Musica Portuguesas: Palácio da Ajuda, Biblioteca Nacional, Biblioteca de Évora etc… interpretando reportório que vai desde Ópera, Oratória, a Música de Câmara e Animação de Época na vertente musical.

Interpreta também reportório de Orgão em colaboração com o Organista e Musicólogo Daniel Oliveira apostando na divulgação da música escrita para Orgão de Tubos, com o sério intuito de fazer uma chamada de atenção para esse Património ímpar, muitas vezes degradado e esquecido.

António Rosado

Pianista

António Rosado é um intérprete que domina o que faz. Tem tanto de emoção e de poesia como de cor e de bom gosto (in revista francesa Diapason). António Rosado tem uma carreira reconhecida nacional e internacionalmente, corolário do seu talento e do gosto pela diversidade, expressos num extenso repertório pianístico que integra obras de compositores tão diferentes como Georges Gershwin, Aaron Copland, Albéniz ou Liszt. Esta versatilidade permitiu-lhe apresentar, pela primeira vez em Portugal, destacadas obras como as Sonatas de Enescu ou paráfrases de Liszt, sendo o primeiro pianista português a realizar as integrais dos Prelúdios e também dos Estudos de Claude Debussy. No registo dos recitais pode incluir-se também a interpretação da integral das sonatas de Mozart.

Actuou em palco, pela primeira vez, aos quatro anos de idade. Os estudos musicais iniciados com o pai tiveram continuidade no Conservatório Nacional de Música de Lisboa, onde terminou o curso Superior de Piano, com vinte valores. Aos 16 anos parte para Paris, e aí vem a ser discípulo de Aldo Ciccolini no Conservatório Superior de Música e nos cursos de aperfeiçoamento em Siena e Biella (Itália).

Em 1980, estreou-se em concerto com a Orchestre National de Toulouse, sob a direcção de Michel Plasson e desde essa data tem tocado com inúmeras orquestras internacionais e notáveis maestros como: Georg Alexander Albrecht, Moshe Atzmon, Franco Caracciolo, Pierre Dervaux, Arthur Fagen, Léon Fleischer, Silva Pereira, Claudio Scimone, David Stahl, Marc Tardue e Ronald Zollman.

Também na música de câmara tem actuado com prestigiados músicos como Aldo Ciccolini, Maurice Gendron, Margarita Zimermann, Gerardo Ribeiro ou Paulo Gaio Lima, com o qual apresentou a integral da obra de Beethoven para violoncelo e piano.

Laureado pela Academia Internacional Maurice Ravel e pela Academia Internacional Perosi, António Rosado foi distinguido pelo Concurso Internacional Vianna da Motta e pelo Concurso Internacional Alfredo Casella de Nápoles. Estes prémios constituem o reconhecimento internacional do seu virtuosismo e o impulso para uma brilhante carreira, com a realização de recitais e concertos por todo o Mundo, e a participação em diversos festivais. Na década de 90, foi o pianista escolhido pela TF1 para a gravação e transmissão de três programas – música espanhola e portuguesa, Liszt e, por fim, um recital preenchido com Beethoven, Prokofiev, Wagner-Liszt.

Em 2007, a França nomeou-o Chevalier des Arts et des Lettres. Participou várias vezes como solista na Festa do Avante!

Cátia Moreso

Mezzo-soprano

Cátia Moreso estudou no Conservatório Nacional de Lisboa e na Guildhall School of Music and Drama (Curso de Ópera), em Londres, onde obteve a licenciatura em canto e o grau de Mestre. Bolseira da Fundação Calouste Gulbenkian e do Lionel Anthony Charitable Trust, estudou no National Opera Studio com Susan Waters. Venceu o 2.º Concurso de Canto da Fundação Rotária Portuguesa e recebeu também o Prémio Bocage no Concurso Luísa Todi e o 1.º Prémio no Concurso de Canto José Augusto Alegria.

O seu repertório de ópera inclui, entre outros, os seguintes papéis: Santuzza em Cavalleria Rusticana de Mascagni (Woodhouse, Londres) Eboli em Don Carlo de Verdi e La cieca em La Gioconda de Ponchielli (Valladolid, Espanha), Giano em Il Trionfo d’Amore, Dianora e Elisa em La Spinalba de F. A. de Almeida; Hanna Wilson/Tracy, em The Losers de Richard Wargo, 3.ª Dama, em A Flauta Mágica (Festival de Wexford); 2.ª Bruxa e Espírito, em Dido e Eneias; Giovanna, em Rigoletto; Baronesa, em Chérubin de Massenet; Elisa e Dianora em La Spinalba de F. A. de Almeida; Madame de Croissy e cover de Mère Jeanne, em Dialogues des Carmélites; Zanetto, na ópera homónima de Mascagni (Opera Holland Park), Carmella, em La vida breve de Falla (Festival de Tanglewood); Marcellina, em Le Nozze di Figaro e Carmen (Woodhouse, Londres). Cantou em concerto, como solista, obras de Vivaldi (Gloria e Magnificat), Pergolesi (Stabat Mater e Magnificat), Rossini (Stabat Mater e Petite messe solennelle), Bruckner (Te Deum e Missa n.º 3) bem como o Magnificat e Oratorio de Natal de Bach, a Missa de Nelson de J. Haydn e os Requiem de Mozart, Duruflé, Verdi (Clonter Opera, Londres). Oratorio de Natal e de Páscoa de Bach.

No domínio da música contemporânea, cantou as Folksongs de L. Berio, Aventures de G. Ligeti e foi solista na estreia de Cicero Dixit de C. Bochmann. Futuros trabalhos incluem, Mezzo em Lady Sarashina de Peter Eötvos com a Orquestra Metropolitana, Messias de Handel em Valladolid, Marcellina em Le Nozze di Figaro com a Fundação Calouste Gulbenkian, Madalena em Rigoletto com a Orquestra do Norte

Filipe Melo

Pianista

Estudou no Hot Clube de Portugal e no Berklee College of Music, em Boston, e foi pianista da Big Band dessa universidade. Foi vencedor do prémio Villas-Boas da Câmara de Cascais, do «Outstanding Musicianship Award» da Berklee e do prémio revelação do site JazzPortugal.

Predominantemente ligado ao jazz, trabalhou com músicos como Benny Golson, Seamus Blake, John Ellis, Peter Bernstein, Omer Avital, Donald Harrison Jr., Jesse Davis, Sheila Jordan, Paulinho Braga, Swingle Singers, Martin Taylor, Perico Sambeat, Herb Geller, Orquestra de Jazz do Hotclube, Orquestra Metropolitana, Orquestra Sinfónica Portuguesa, entre muitos outros. Também trabalha como compositor e arranjador com músicos como The Legendary Tigerman, António Zambujo, Old Jerusalem, Carlos do Carmo, GNR, Camané, David Fonseca, Marta Hugon, Sérgio Carolino e Carmen Souza.

Conta com mais de 20 discos gravado como «sideman» e fez bandas-sonoras para mais de 10 peças de teatro. Enquanto músico de Jazz, tocou nalguns dos mais importantes festivais e clubes de jazz do mundo: Red Sea Jazz Festival, Luanda Jazz Festival, Duc des Lombards, Cairo Jazz Festival, etc. Em 2011, vence o Festival de Jazz de Bucareste e o prémio Carlos Paredes com o grupo do contrabaixista André Carvalho.

Recentemente, foi um dos directores musicais do espectáculo «Deixem o Pimba em Paz», com Bruno Nogueira e Manuela Azevedo, que contou com a participação da Orquestra Metropolitana de Lisboa.

É também realizador de cinema e argumentista de Banda Desenhada. Venceu o Fantasporto em 2004 e o Méliès d´Or na Finlândia, e actualmente edita pela Tinta-da-China em Portugal e pela Dark Horse Comics nos EUA.
 Os seus livros de banda desenhada contam com prefácios dos lendários realizadores John Landis, George A. Romero e Tobe Hooper, e estão editados em vários países.

Actualmente, é professor na Escola Superior de Música de Lisboa.

José Corvelo

Barítono

É licenciado pela Escola Superior de Música e das Artes do Espectáculo onde integrou a classe do Professor José de Oliveira Lopes. Foi-lhe atribuído o prémio Eng. António de Almeida pela Fundação com o mesmo nome, que distingue os melhores alunos finalistas das universidades portuenses.

Participou em «masterclasses» com Oliveira Lopes, Fernanda Correia, Rudolf Knoll, Lamara Tchekónia, Liliana Bizineche, Enza Ferrari, Jorge Vaz de Carvalho, Francisco Lázaro, Ambra Vespasiani, Ettore Nova e Daniel Muñoz. Foi solista nas principais obras coral-sinfónicas e em inumeras óperas tendo interpretado vários papeís principais como: Figaro e Conde (Le Nozze di Figaro) Leporello (Don Giovanni), Escamillo (Carmen) e D.Bartolo (Il barbiere di Siviglia), Alfio (Cavalleria Rusticana), Tonio (Pagliacci), Sharpless (Madama Butterfly), Dulcamara (L’Elisir d’amore), Smirnov (The Bear) entre muitos outros.

Tem participado em diversas estreias mundiais de várias óperas, nomeadamente «A Floresta» de E. Carrapatoso, numa co-produção Teatro Nacional de São Carlos/Teatro São Luiz e «Banksters» de Nuno Corte-Real, numa produção do TNSC. Gravou em DVD, para a Casa da Música, com a Orquestra Nacional do Porto, a obra «O lobo Diogo e o mosquito Valentim» de E. Carrapatoso.

Apresentou-se recitais com os pianistas João Valle, Melissa Fontoura, Gustaaf van Manen, Luís Miguel Magalhães, Joana David, João Queirós e Carla Seixas, com o gutarrista Artur Caldeira e com o acordeonista Pedro Santos. Trabalhou com os encenadores Mietta Corli, Tim Coleman, Joseph Franconi Lee, Ítalo Nunziata, Luca Veggetti, Norma Graça-Silvestre, Paulo Matos, Carlos Avilez, Jorge Rodrigues, Américo Rodrigues, António Pires, Tito Celestino da Costa, Mário Moutinho, Inês Vicente, João Paulo Seara Cardoso, Maria Emília Correia, Orlando Arrocha, Christian von Götz, Carla Lopes, José Lourenço, Pedro Ribeiro, Andrea Lupi, Stuart Hopps, Francesco Bondi, Giulio Ciabatti, Jorge Vaz de Carvalho, Nuno M. Cardoso, João Botelho, Nuno Carinhas, Luís Miguel Cintra e João Lourenço

Foi dirigido pelos maestros Osvaldo Ferreira, Paulo Martins, Ferreira Lobo, Rafael Montes Gómez, Jaroslav Mikus, Filipe Sá, Vítor Matos, Paulo Silva, Felipe Nabuco-Silvestre, A. Vidal, Silvio Cortez, António Sérgio Ferreira, Manuel Ivo Cruz, Gunther Arglebe, Virgílio Caseiro, Rui Massena, António V. Lourenço, Christopher Bochmann, J. Reynolds, Leonardo de Barros, Félix Carrasco, Marco Belluzi, Stephen Darlington, António Carrilho, César Viana, Cesário Costa, Roberto Pérez, João Paulo Santos, Emílio de César, Enrico Dovico, Gregor Bühl, Marko Letonja, Zsolt Hamar, Nicola Giusti, Martin André, Nikša Bareza, Roberto Manfredini, Lawrence Renes, Giovanni Andreoli, Reynald Giovaninetti, Johannes Willig e Marc Tardue, entre outros.

Marco Alves dos Santos

Tenor

Licenciado em canto pela Guildhall School of Music & Drama, como bolseiro da Fundação Gulbenkian, Marco Alves dos Santos iniciou a sua carreira como solista profissional em 2003, nos «Jeunes Voix du Rhin» (Opéra National du Rhin-França), onde deu vida, entre outras, às personagem de Tamino (Zauberflöte) e Mr. Owen (Postcard from Morocco), de D. Argento. Papéis posteriores incluem Tristan em «Le Vin Herbé» de F. Martin (Teatro Aberto), Leandro em «La Spinalba» (Casa da Musica), Orphée em «La descente d’Orphée aux Enfers» (Festivais de Vigo e de Óbidos), Cavaliere em «La Donna di Genio» de M. Portugal (Faro), e Ernesto em «Don Pasquale» (Orquestra do Norte).

Fez também parte do elenco de «Evil Machines», de T. Jones/L. Tinoco (São Luiz), foi Anthony em «Sweeney Todd» (D. Maria II/Teatro Aberto, dir. J.P.Santos) e Nathanael em «Les Contes d’Hoffmann» para o Teatro Nacional de S. Carlos, tendo ainda participado em concertos e recitais em Portugal, França, Itália e Reino Unido. Do repertório sinfónico destacam-se concertos com a Orquestra Gulbenkian, Remix Ensemble, Orquestra Metropolitana de Lisboa, OSP, Orquestra do Algarve, Orquestra Filarmonia das Beiras, Orquestra Clássica de Espinho, Orquestra do Norte, Orquestra Sinfónica Juvenil, Divino Sospiro e MPMP, tendo actuado na Gulbenkian, CCB, Casa da Música, Coliseu do Porto, entre outras salas.

Entre 2009 e 2015, assumiu papéis em obras como «Rigoletto», «Bella Dormente nel Bosco», «Hansel & Gretel», «Cosí fan Tutte», «Zauberflöte», «Carmen», «La Rondine», «La Traviata», «Rigoletto», «La Princesse Jaune», «The Wandering Scholar», «Candide», «Armida», «Macbeth» ou «Madame Butterfly». Compromissos em 2016/17 incluem o papel de Comte Barigoulle em «Cendrillon», Acis em «Acis & Galatea», a «9.ª Sinfonia» e a «Fantasia Coral» de Beethoven, o «Te Deum» de Charpentier, Pastor em «Oedipus Rex» e C. Almaviva no «Barbiere di Seviglia», bem como concertos e recitais no Festival de Sintra, Cistermúsica, Fábrica das Palavras e Fundação Gulbenkian.


Maestro

Vasco Pearce de Azevedo

Vasco Pearce de Azevedo é, desde 1995, maestro titular e director musical da Orquestra Sinfonietta de Lisboa, com a qual tem realizado estreias absolutas de obras de compositores como Eurico Carrapatoso, Sérgio Azevedo, Carlos Fernandes, Ivan Moody, entre outros. Na qualidade de maestro convidado, tem dirigido as orquestras Sinfónica Portuguesa, Metropolitana de Lisboa, Clássica do Porto, Filarmonia das Beiras e Sinfónica Juvenil. Colabora regularmente com a Companhia Nacional de Bailado como maestro convidado. Ganhou diversos prémios e menções honrosas nacionais e internacionais.

Iniciou aos quatro anos os seus estudos musicais, na Academia dos Amadores de Música. O interesse pela direcção data de 1981 e da sua entrada para o Coro da Universidade de Lisboa, onde desempenhou as funções de ensaiador de naipe. Frequentou vários cursos de direcção de orquestra e de direcção coral em Portugal, Espanha, França e Bélgica, tendo trabalhado com Jean-Sébastien Béreau, Ernst Schelle, Jenö Rehak e Octav Calleya (direcção de orquestra) e ainda com Erwin List, Josep Prats, Edgar Saramago e José Robert (direcção coral). Estudou no Instituto Gregoriano de Lisboa e na Escola Superior de Música de Lisboa (ESML), onde obteve em 1989 o Bacharelato em Composição. Foi assistente de várias cadeiras do Curso de Composição na ESML e professor de Análise e Técnicas de Composição no Conservatório Nacional, de Análise e Orquestração na Academia Superior de Orquestra e de Direcção Coral, Coro, Técnicas de Composição, Análise Musical e Harmonia na ESML. Já participou como maestro da Orquestra Sinfonietta de Lisboa em inúmeras edições da Festa do Avante!

Jorge Carvalho Alves

Maestro titular desde 1987. Fez os seus estudos de Direcção Coral no Instituto Gregoriano de Lisboa na Escola Superior de Música de Lisboa. Frequentou diversos cursos de Direcção Coral e Técnica Vocal em Portugal e no estrangeiro, tendo trabalhado com José Robert, Edgar Saramago, Lazlo Heltay, Fernando Eldoro, Anton de Beer, Erwin List, Luís Madureira e Jill Feldmann.

Como cantor, foi reforço do Coro do Teatro Nacional de S. Carlos entre 1984 e 1988 e membro do Coro da Fundação Calouste Gulbenkian de 1988 a 2001 e faz parte do quarteto vocal masculino Tetvocal desde 1998.

Iniciou a sua carreira como Director Coral com o Coro de Câmara Syntagma Musicum, grupo que fundou em 1985 e com o qual obteve o primeiro prémio no concurso «Novos Valores da Cultura – Música Coral», em 1988, atribuído pela Secretaria de Estado da Cultura. A sua actividade como Director Coral decorre há mais de 20 anos e abrange grupos de todo o continente e ilhas entre os quais se destacam: o Coro de Câmara Syntagma Musicum (1985/1997), Maestro Titular do Coro Sinfónico Lisboa Cantat (desde 1986), Coro de Câmara Lisboa Cantat (desde 2006), Grupo Coral de Lagos (1992/1996), Coro da Universidade Católica de Lisboa (1996/2002), Coro da Universidade Técnica de Lisboa (desde 1998), Coro do Teatro Nacional de S. Carlos (2001/2004) Maestro Assistente, Coral Luísa Todi (desde 2004) e Maestro convidado do Coro Vox Cordis de Ponta Delgada desde 2006.

Gravou para a RDP, RTP e SIC diversos programas musicais.

Discografia: «Música Coral do séc.XX», (1989); «Os melhores coros da Região de Lisboa n.º 12» (95/participação) c/ CC Syntagma Musicum; «Os melhores coros da Região de Lisboa n.º 12» (95/participação); «Compositores Portugueses XX-XXI» (2007). c/ Coros da Associação Musical Lisboa Cantat; «Tributo a S. M. Rei da Tailândia» (2003); «Os dias alevantados», de António Pinho Vargas (2003) c/TNSC, responsável pela montagem da parte coral; «Lado A» (2005) c/Tetvocal.

Orientou o II Seminário Internacional de Canto Coral Vox Aurea, em Madrid (1996), destinado a directores corais. Leccionou as disciplinas de Coro e Formação Musical no Conservatórios Regional da Covilhã e na Escola Profissional de Música de Évora bem como em diversos estabelecimentos de ensino.

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