Intervenção de Jerónimo de Sousa, Secretário-Geral do PCP
Está aberta a 39ª edição da Festa do «Avante!»
Sexta, 4 de Setembro de 2015
Uma saudação fraternal a todos vós, uma saudação em particular à JCP e à juventude que aqui estiveram na construção, que aqui estão participando à vossa maneira e que em si mesmo significa que a Festa do Avante! tem futuro!
Abertas as portas desta 39ª edição permitam-me que releve essa decisão audaciosa do nosso Partido em adquirir o terreno da Quinta do Cabo que será aberto na quadragésima edição que tornará a Festa do Avante! maior e mais bela. Decisão audaciosa quando sustentada numa Campanha de Fundos, na contribuição dos militantes e amigos, de democratas e patriotas. Só um Partido com uma grande confiança no futuro se lançaria na concretização desse objectivo.
E num balanço em andamento queremos dizer-vos que já fizemos mais de meio caminho; que tendo em conta compromissos, está perfeitamente ao nosso alcance chegar e passar, em Abril do ano que vem, a meta a que nos propusemos!
Esta Festa vai realizar-se num quadro político e eleitoral de grande exigência e em que o resultado das eleições legislativas de 4 de Outubro vai determinar muito da evolução da vida política nacional.
Num quadro em que o Governo PSD/CDS sob a batuta da troika e com o comprometimento e a rendição do PS, provocou danos profundos na vida de milhões de portugueses, deixando o País mais endividado, mais dependente do estrangeiro, com mais desemprego, mais emigração, mais pobreza e mais pobres, mais injustiças, mais concentração de riqueza nas mãos de uns quantos.
O que determinou e caracterizou a natureza e objectivos desta política e deste Governo não foi a austeridade, foi sim o aumento da exploração!
Balanço trágico que alguns procuram arredar da memória para pôr o conta-quilómetros a zero e, de novo, voltarem a enganar os portugueses.
Balanço trágico que só não foi mais longe porque a essa política se opuseram os trabalhadores, sectores diversos e as populações. A seu lado esteve sempre o PCP e as forças que integram a CDU, sempre do lado certo, mesmo quando o País era percorrido pela ideologia e pelos arautos das inevitabilidades. Até a esperança quiseram roubar ao povo português!
Foi esta luta que levou ao isolamento social do Governo e que nos leva à convicção da sua pesada derrota nas eleições legislativas de 4 de Outubro!
Mas, sendo tão importante derrotar o Governo, é preciso derrotar a política de direita. Pôr fim a esta alternância sem alternativa governando à vez e por turnos. Passos Coelho recentemente deixou escapar o que lhe vai na alma quando afirmou que nestas eleições não importa que a maioria absoluta seja do PSD/CDS ou seja do PS. Importaria era salvar o prosseguimento da política que tem vindo a ser executada, invocando como objectivo supremo a estabilidade governativa. Mas ao longo dos últimos 39 anos o que mais houve foram maiorias absolutas, do PS, do PSD, do PS com o CDS, do PSD com o CDS e até do PS com o PSD. Maiorias absolutas que deram estabilidade aos governos mas que desestabilizaram a vida de milhões de portugueses e que conduziram o País à situação em que se encontra!
E por isso nestas eleições há uma escolha entre 2 caminhos!
Ou o prosseguimento do trajecto ruinoso seguido por PS, PSD e CDS ou um caminho novo, com o reforço da CDU para construir e realizar uma política patriótica e de esquerda alargando a convergência com democratas e patriotas alicerçada numa profunda convicção que Portugal tem futuro!
Aos que nos questionam sobre o valor do voto na CDU nós afirmamos que, na eleição de 230 deputados – porque é para isso, para eleger 230 deputados e não para eleger um Primeiro-Ministro -, cada voto, cada deputado mais na CDU é um voto e um deputado a menos nos partidos responsáveis por esta situação, cada voto e deputado mais na CDU é a garantia de que será usado não só no combate contra a política de exploração e empobrecimento mas também na proposta e na convergência para uma política patriótica e de esquerda.
Assumindo um compromisso inquebrável: cada voto na CDU será sempre respeitado, com uma política de verdade, fazendo o que dizemos e dizendo o que fazemos, tendo sempre como referência ética de que usaremos esse mandato para servir os interesses dos trabalhadores e do povo português e não para nos servirmos a nós próprios! Também aqui a prática é o grande critério da verdade.
Eis pois, camaradas e amigos, as razões para estarmos de consciência tranquila mas, acima de tudo, confiantes para travar com êxito mais esta batalha, confiantes nos nossos candidatos e no nosso Programa, nas nossas propostas, confiantes nessa força imensa que sois vós militantes, activistas e apoiantes do PCP, da CDU.
Confiança que não é só verbalizada mas sentida. Olhando para esta Festa, sabendo como foi projectada, organizada, construída, como é participada, enquanto em simultâneo tivemos de preparar, programar a campanha e iniciar a pré-campanha eleitoral, então há razão para ter confiança!
Confiança no Partido que temos, no Partido que somos, no seu projecto, no seu ideal. Identificados com os legítimos interesses e aspirações do povo português, este povo a que pertencemos e que em qualquer circunstância com ele e por ele lutaremos!
Aqui se expressam e materializam os valores da paz, da amizade, da solidariedade, do internacionalismo, da afirmação da soberania, da justiça social, da democracia avançada e do socialismo. Afinal a Festa do Avante! é também expressão dos valores de Abril!
Está aberta a 39ª edição da Festa do Avante.