Avanteatro

«O homem é um ser tão improvável», diz Vergílio Ferreira na sua última obra, Em Nome da Terra. Mas diz mais: «Tenho nas mãos a memória do teu corpo, do boleado doce do teu corpo. As pernas, os seios, deixa-me encher as mãos outra vez. O fio ardente da tua pele. A face. Mal te vejo os olhos, mas o teu olhar cai sobre mim em torrente. Despi-me brusco, deitados os dois na areia, e a fúria, e o limite. E uma só verdade para nós e o universo. Deitados de costas, lemos as estrelas. A paz enorme de horizonte a horizonte. A eternidade. E a necessidade de estarmos lá, para não haver mais nada para fora de nós. Depois erguemo-nos, mergulhámos nas águas.»

Uma história de amor com uma realidade em queda, que aborda a aproximação do fim, o corpo em desintegração, o passado em diálogo com o presente. Esta obra é o ponto de partida para a peça de O Bando, um grupo que assinalou em 2014 quarenta anos de existência. Tantos como a Revolução. E, também por isso, o grupo tem merecidamente um destaque especial na edição 2015 do Avanteatro.

Revolução também significa Reforma Agrária. Ora, houve um público da Reforma Agrária e houve um teatro na Reforma Agrária. Chamar ao palco vozes desse público, fazedores da História, e alguns momentos desse teatro de há quarenta anos é mais do que uma homenagem ou uma evocação: é a reafirmação do sentido do encontro do Teatro com o Mundo. Para uma revolução a fazer. Para a revolução que precisa de ser feita.

Tudo isto e muito mais, pois em Transumância convocamos Natália Correia, Fernanda Montemor e Mário Jacques, Nossa Senhora da Açoteia e o Eça de O Mandarim. E música e dança, e teatro basco. E Afonso Henriques e os Roncos do Diabo.
Tudo isto onde? No Avanteatro 2015, claro! Simplesmente imperdível!

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Avanteatro imperdível