Intervenção de Jerónimo de Sousa
Está aberta a 38ª edição da Festa do «Avante!»!
Sábado, 6 de Setembro de 2014Neste acto de abertura da 38ª edição da Festa do Avante!, queremos saudar todos os visitantes, todos os convidados, em particular as delegações estrangeiras que nos honram com a sua presença solidária, todos os amigos e militantes do Partido, sublinhando o papel, o trabalho, a organização dos construtores da nossa Festa, nessa experiência ímpar que junta aprendizes e mestres de saberes para edificar esta obra colectiva, temperando e elevando a militância neste Partido diferente pelo seu projecto e ideal transformador composto por homens e mulheres livres que trabalham, participam e lutam por opção por uma vida melhor, por um Partido mais forte ao serviço dos trabalhadores, do povo e do país.
Nesta 38ª edição da Festa vamos celebrar os 40 anos da Revolução de Abril, dos seus valores, que comportam revolução, transformação, conquista, participação, essa revolução que é inseparável das características, da forma de construir, de estar, de participar na Festa do «Avante!». Por isso também a consideramos a Festa de Abril.
Quando alguns amigos e delegações estrangeiras nos perguntam como é possível fazer uma Festa destas afirmamos:
Pelo Partido que temos e o Partido que somos, mas também porque em Portugal houve uma revolução, a revolução de Abril, onde muitas das suas conquistas económicas e sociais foram destruídas, o regime democrático mutilado e empobrecido, o poder do grande capital recuperado e restaurado, mas um Abril nunca liquidado nos seus valores que permanecem no coração e na consciência dos democratas e patriotas, do povo português e se projectam no futuro de Portugal.
Realizamos a nossa Festa do Avante numa situação caracterizada pelo período mais sombrio desde o fascismo, num mundo carregado de perigos e ameaças que convivem com possibilidades e potencialidades que resultam da luta de resistência dos trabalhadores e dos povos.
No país terminou a data (só a data) da intervenção estrangeira, com esse pacto de agressão executado pelo governo mas onde não pode ser apagada a responsabilidade do PS.
3 anos a cortar nos salários, nas pensões e nas reformas, a cortar na educação, na saúde, na protecção social, a aumentar os impostos sobre quem trabalha ou trabalhou, a liquidar centenas de milhar de empresas, a aumentar a pobreza e o número de pobres, a provocar uma sangria com um surto de emigração de portugueses sem saída para as suas vidas e qualificações adquiridas.
3 anos em que o país assistiu aos escândalos e buracos sucessivos da banca com um governo directa ou indirectamente a correr e a injectar milhares de milhões sacados à força aos trabalhadores e reformados.
O empréstimo da troika nunca foi para salvar o país mas para salvar o sistema financeiro viciado no jogo, no ganho fácil, com as costas quentes pelos governos e entidades, enquanto simultaneamente aproveitaram a maré para impor o aumento da exploração e do empobrecimento dos portugueses, imposição que não foi mais longe porque os trabalhadores e as populações lutaram, lutaram muito na defesa dos seus interesses e direitos. Diz o Governo que só fez metade do caminho. Se isto é só metade imaginemos o resto que pretendem.
Se o aumento da dívida e do serviço da dívida se o desemprego e a emigração, a pobreza, a destruição de tantas vidas, tanto roubo nos salários, nas reformas e nas pensões, nos direitos, nos impostos, tanto encerramento de unidades de saúde, de escolas, de tribunais, de serviços públicos foi só metade do que querem fazer mais se justifica a luta pela demissão do Governo encurtando-lhe o tempo de vida num mês que seja, em 24 horas que seja, como primeira condição para travar este caminho desastroso e doloroso e encetar a construção duma política patriótica e de esquerda que não será feita com toques e retoques como defende o PS, seja de Costa ou de Seguro, mas com ruptura com a política de direita, pondo fim à alternância de 38 anos entre os mesmos do costume.
E isso é possível, com a luta e com o voto dos trabalhadores e do povo português, com a convergência dos democratas e patriotas, com o reforço e fortalecimento do PCP, que se tem vindo a verificar.
Camaradas e amigos:
A construção da Festa está feita, falta realizá-la.
Mas permitam-me que vos anuncie uma importante decisão que tomámos.
Há 25 anos, na abertura da décima terceira edição da Festa do «Avante!», em Loures, o camarada Álvaro Cunhal anunciou a aquisição da Quinta da Atalaia e dizia que terminava assim «o jogo indigno de Governos e outras entidades de cederem temporariamente terrenos abandonados, cheios de mato e pedras com a esperança de nos verem afundar-nos neles».
Uma outra aspiração se alimentou desde a primeira hora: o alargamento do terreno da Festa. Prosseguiram-se esforços com esse objectivo ao longo de 25 anos mas sem resultados. Surgiu finalmente a oportunidade, que não podíamos desperdiçar, de concretizar essa aspiração. Adquirir a «Quinta do Cabo da Marinha» um terreno contíguo à Quinta da Atalaia com um enquadramento paisagístico de grande qualidade, arvoredo, espaço aberto, que permitirá aumentar em mais um terço o espaço disponível da Festa e alargar significativamente a sua ligação à Baía do Seixal. A Quinta do Cabo permitirá uma ainda maior valorização da Festa, o seu alargamento, o encontrar de melhores soluções para a reformulação dos seus espaços e enriquecimento dos seus conteúdos, para a melhoria da sua preparação, funcionamento e acolhimento dos visitantes.
É uma decisão que corresponde a uma grande aspiração, do colectivo partidário, dos visitantes da Festa, de todos os que a reconhecem como a maior realização político-cultural do País.
É uma decisão audaciosa porque se afirmamos a nossa independência e autonomia em relação ao Estado e ao poder económico não será uma aquisição por cedência, dádiva ou favor do Estado, por favor da banca ou de qualquer grupo económico. É um empreendimento e um compromisso nosso. Lançaremos uma campanha de fundos porque é preciso assegurar o seu pagamento completo, dirigindo-nos aos militantes e amigos do Partido, aos amigos da Festa do «Avante!», aos democratas e patriotas, apelando para criar as condições para uma Festa do «Avante!» ainda maior e melhor.
Há 25 anos, na situação difícil que então se vivia, numa fase de grande brutalidade da política de direita, quando decorriam as derrotas do socialismo, quando os inimigos do PCP, os desistentes, os que perderam a esperança e a confiança, os comentadores da época, anunciavam o declínio irreversível e até a morte do PCP, o Partido ciente das dificuldades mas com aquela determinação, convicção e confiança em si próprio, nos trabalhadores e no povo, lançou a campanha por um chão nosso para aqui na Atalaia fazer a Festa do «Avante!».
Inspirados nessa confiança e determinação, não subestimando nenhuma das dificuldades actuais do Partido, dos trabalhadores, da juventude, do nosso povo, havemos de alcançar um chão maior para uma festa maior e melhor.
E somos assim, temos esta confiança, porque temos um ideal, um projecto que tem o objectivo transformador e avançado de uma sociedade mais justas onde o ser humano seja livre da exploração por outro homem, o ideal comunista, a luta pelo socialismo.
Está aberta a 38ª edição da Festa do «Avante!»!