Comicio de Encerramento - José Casanova

Camaradas e amigos,

Cá estamos, mais uma vez, no grande comício de encerramento da nossa Festa do Avante.
Por isso, cá estamos, mais uma vez, a saudar quem deve ser saudado.
Em primeiro lugar, os construtores da Festa, os militantes do Partido e da JCP e os muitos amigos do Partido que, aqui no terreno, em múltiplas jornadas de trabalho voluntário, ergueram esta bela cidade do futuro; que, nas organizações regionais, divulgaram a Festa, venderam EP’s, organizaram as excursões; que, durante estes três dias, asseguraram o funcionamento da Festa.
Para todos eles, um abraço fraterno, de camaradagem e amizade.
Saudamos, igualmente, os visitantes da Festa: os que aqui voltaram este ano, porque a Festa do ano passado lhes agradou e os que aqui vieram pela primeira vez e, estamos certos, cá voltarão para o ano.
Saudamos, também, os nossos convidados estrangeiros, camaradas e amigos que, em representação dos respectivos partidos comunistas ou organizações progressistas, aqui estão connosco, numa presença que vemos como expressão da solidariedade recíproca entre os nossos partidos – uma solidariedade sempre importante e mais ainda quando, como acontece na situação actual, o capitalismo manifesta de forma brutal o seu carácter explorador e opressor.
A todos esses camaradas e companheiros de luta, vindos da África do Sul, da Alemanha, de Angola, da Bélgica, do Brasil, de Cabo Verde, do Chile, da China, do Chipre, da Colômbia, da Coreia do Norte, de Cuba, de Espanha, de França, da Grã-Bretanha, da Grécia, da Holanda, da Índia, do Irão, da Irlanda, da Itália, do Líbano, do Luxemburgo, de Marrocos, de Moçambique, da Palestina, do Peru, da Rússia, da Sahara Ocidental, de Timor Leste, da Turquia, do Uruguai e do Vietnam – a todos esses camaradas e companheiros de luta, pedimos que transmitam aos militantes dos seus partidos e aos trabalhadores dos seus países, as fraternas saudações de combate dos comunistas portugueses.

É justo, também expressarmos aqui o nosso agradecimento pela colaboração prestada, a instituições várias, públicas e privadas, designadamente: Transportes Sul do Tejo, Fertagus, Sul Fertagus; Venamar, Fresh Water; Amarsul, Câmaras Municipais de: Seixal, Almada, Estremoz, Lisboa, Moita, Palmela e Setúba; Juntas de Freguesia de, entre outras, Amora, Corroios, Fernão Ferro, Laranjeiro; Federação Distrital de Bombeiros, Bombeiros Voluntários do Seixal, de Cacilhas, da Trafaria, da Amora, de Sesimbra Sul e Sueste e Salvação Pública do Barreiro; Centro de Ciência Viva de Constância, Núcleo de Física do Instituto Superior Técnico, Jardim Botânico de Lisboa, Departamento de Biologia Animal da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa.
À Guarda Nacional Republicana e à Polícia de Segurança Pública.
E à população da Amora e aos vizinhos da Festa.

Camaradas,
Faz agora 20 anos que realizámos a primeira Festa do Avante aqui neste terreno da Atalaia.
Quer isso dizer que, nessa altura, muitos dos construtores e visitantes da Festa deste ano não tinham ainda nascido ou eram crianças. Quer isso dizer, também, que muita gente nova chega todos os anos, tornando a Festa maior e mais bonita, e enriquecendo a sua componente juvenil que faz cada vez mais da Festa do Avante a Festa da Juventude – assim garantindo o futuro da Festa; assim garantindo que, hoje e no futuro, não há Festa como esta.
Infelizmente, há também os amigos e camaradas que, pela acção da inexorável lei da vida, nos vão deixando.
No ano que passou, entre a Festa de 2009 e a deste ano, perdemos vários camaradas. A todos aqui lembramos hoje com um imenso adeus.
E, entre eles, o camarada Mário Barradas – actor, encenador, figura maior do Teatro português, e José Saramago, escritor de dimensão planetária, militante comunista, o Nobel do nosso orgulho e do nosso contentamento.
Lembramos, ainda, a camarada Sofia Ferreira, dirigente comunista, toda uma vida dedicada à luta contra o fascismo, pela liberdade, pelo socialismo e António Dias Lourenço – o camarada que, após o 25 de Abril, durante mais tempo desempenhou a tarefa de Director do jornal que dá o nome à Festa; o dirigente histórico do PCP, do qual foi um dos construtores; o resistente antifascista que passou cerca de 20 anos nas masmorras da PIDE; que se evadiu do Forte de Peniche, protagonizando aquela que foi a mais espectacular e corajosa fuga individual dos cárceres do fascismo.
Há uma canção da Resistência que diz:
«Os mortos, não os deixamos
para trás, abandonados,
fazemos deles bandeiras,
guias e mestres, soldados,
dos combates que travamos.
Nada poderá deter-nos,
Nada poderá vencer-nos»

É isso que queremos dizer ao lembrarmos aqui estes camaradas que partiram: que assumimos o compromisso revolucionário de, honrando a sua memória e o seu exemplo, prosseguir a luta à qual eles dedicaram as suas vidas.

Camaradas,
Essa primeira Festa aqui realizada há 20 anos constituiu uma significativa vitória: uma vitória sobre todos aqueles que, até aí, tudo tinham feito para liquidar a Festa do Avante – e que são os mesmos que hoje, em moldes diferentes, perseguem esse mesmo objectivo.
No primeiro ano, em 1976, tentaram liquidá-la com um acto terrorista – mas a Festa realizou-se e foi um êxito: foi, como então justamente se disse, «a Festa que Portugal nunca tinha visto».
Nos anos seguintes, os inimigos da Festa, passaram a uma nova fase: a de nos recusar o terreno - no Jamor, depois no Alto da Ajuda – forçando-nos, durante quase quinze anos sucessivos, ao esforço sobre-humano de todos os anos fazermos tudo de novo – mas a Festa continuou, maior e mais bonita de ano para ano, sempre graças ao esforço dos seus construtores e visitantes, sempre graças à acção do nosso grande colectivo partidário.
Depois, trocámos-lhes as voltas e, com a solidariedade de milhares e milhares de camaradas e amigos, comprámos este belo espaço da Atalaia.
Mas eles, os inimigos da Festa, ou seja, os partidos da política de direita - PS, PSD e CDS/PP – não desistiram.
É grande o ódio que têm à Festa. E percebe-se: a Festa é Abril e eles já não suportam, sequer, o cheiro dos cravos; a Festa é trabalho criador e eles são a inutilidade e a estagnação; a Festa é o futuro e eles são o passado.
Em 2003, congeminaram e fizeram aprovar, duas leis – as leis dos partidos e do seu funcionamento - que, pelo seu conteúdo e pelos seus objectivos, bem poderiam ter sido aprovadas por qualquer Salazar ou por qualquer Caetano.
Trata-se de duas leis profundamente antidemocráticas, ambas tendo como alvo principal o Partido Comunista Português – a primeira visando obrigar o PCP a deixar de ser o que os seus militantes querem que seja e a passar a ser o que os seus inimigos desejariam que fosse; a segunda, retomando o velho sonho de liquidar a Festa do Avante, é cirurgicamente direccionada contra a nossa Festa.
Como se o carácter antidemocrático e anticonstitucional dessa lei não bastasse, os seus criadores inventaram, para zelar pelo seu cumprimento,
uma Entidade feita à imagem e semelhança do objectivo da dita lei – uma Entidade que utiliza a lei como arma de destruição massiça contra a Festa e que não hesita em recorrer às práticas mais discriccionárias e arrogantes, à imposição de regulamentos, concepções e interpretações inaceitáveis – chegando mesmo a «decretar» que o lucro da Festa é a soma das suas receitas e não a diferença entre as receitas e as despesas...
Ou seja: se a lei diz mata, a Entidade diz esfola.
Acabar com a Festa é, para os seus inimigos, uma obsessão doentia.

Então, é bom que saibam e daqui lho dizemos: a Festa do Avante –festa da liberdade e da cultura, da luta e da solidariedade, do convívio e do debate, da fraternidade e da amizade - é a Festa de Abril, é a nossa Festa, dos que a construímos e continuaremos a construir; dos que a visitamos e continuaremos a visitar. E nada nem ninguém a destruirá.
Porque nós não deixaremos – nós que, porque somos os construtores da Festa, somos construtores do futuro.
E eles, os que a querem liquidar, são o passado – o passado que Abril venceu e que nós não deixaremos que volte.
A Festa do Avante vencerá.
Venceremos.

Share this