Foi assim
Os textos de Karl Valentin são tão profundos quanto engraçados, tão críticos quanto divertidos. Nos vários “duelos” maravilhosamente grotescos, que a personagem trava com comerciantes, funcionários, polícias, e outros da rua, sentimos a delicadeza que a vida quotidiana pode conter, sem passado, mas intrinsecamente mestrada na arte de desconversar, na tomada à letra ou nos diálogos que interpreta como quer, e por isso, inocente da responsabilidade nas situações absurdas. As personagens nascem das classes trabalhadoras mais baixas, como o casal de A IDA AO TEATRO, ou o duo de electricistas n’O PROJECTOR AVARIADO, são pessoas simples que se encontram actualmente, como no início do século passado, e é por isso que as pessoas ainda riem com tanto entusiasmo dessas pessoas teimosas hoje, como o faziam há 100 anos atrás. O seu humor corrosivo alerta-nos para o mais insignificante pormenor nos intervalos temporais por onde deambula, coagindo-nos a desafiar a lógica vigente ao instalar a dúvida relativa na hierarquia da importância, desta nossa abordagem à vida do quotidiano, deixando-nos a tentar adivinhar desfechos para finais, que o não são.
Tradução Luíza Neto Jorge e Maria Adélia Silva Melo
Encenação Maria João Luís
Atores Carolina Picoito Pinto, Helder Agapito, Maria João Luís, Rita Rocha Silva, Filipe Gomes
piano Giovanni Barberi violoncelo José Blanco
fotografia de cena Luana Santos
produção executiva Rita Costa
assistência de produção Filipe Gomes
direcção de produção e desenho de luz Pedro Domingos
produção TEATRO da TERRA
| 2020 |
M/12
duração aprox. 90 min.