Com um papel cada vez mais destacado na construção, divulgação e realização da Festa do Avante! (como aliás em toda a actividade do Partido), a Juventude Comunista Portuguesa assegura aí um espaço próprio, concebido, construído e mantido pelos jovens comunistas e por muitos amigos – a Cidade da Juventude. A constante animação, os debates e exposições sobre problemas e reivindicações da juventude e o Palco Novos Valores, onde actuarão os 10 vencedores do concurso de bandas e mais três grupos convidados, são motivos de sobra para justificar uma visita atenta e demorada a este espaço ímpar.

A Cidade da Juventude é diferente de todos os outros espaços da Festa. Ali, tudo é pensado, planificado e construído por jovens, os mesmos que durante três dias asseguram o bom funcionamento dos palcos, dos bares e das bancas. Este ano, como afirmou ao Avante! Vasco Marques, da Comissão Política da Direcção Nacional da JCP, a Cidade (como carinhosamente lhe chamam os jovens comunistas) será maior e «razoavelmente mais alta do que é costume»: o objectivo é causar um grande impacto visual para, também por essa via, atrair mais visitantes ao espaço, localizado como habitualmente junto ao Palco 25 de Abril. O facto de, este ano, o Espaço Central estar situado na Quinta do Cabo, e não junto à Cidade da Juventude, poderá contribuir para dar ainda mais visibilidade e centralidade ao espaço dos jovens comunistas.

A audácia revelada pela JCP para a Cidade deste ano implica um desafio acrescido do ponto de vista da construção, realça Vasco Marques, informando que a implantação do espaço começou em Maio, ou seja, mais cedo do que é habitual. Se a exigência acrescida do projecto o justifica, também a realização do Acampamento Internacional «Avante! Por um mundo de Paz» nos últimos dias de Agosto e primeiros de Setembro (ver caixa) leva a que nessa altura a construção da Cidade da Juventude deva estar «o mais adiantada possível», como sublinha o dirigente da JCP.

Neste momento, confessa Vasco Marques, as estruturas de tubo estão praticamente todas montadas e já estão a ser colocadas as primeiras madeiras. Ou seja, realça, tudo decorre dentro dos prazos estipulados.

Como afirmou ao Avante! o dirigente da JCP, se a construção da Cidade da Juventude deu um grande salto nos últimos dias, tal deve-se sobretudo à elevada participação verificada nas últimas jornadas de trabalho e à entrada em funções da brigada de implantação permanente. Depois de alguns fins-de-semana em que o trabalho assentou sobretudo em militantes e quadros oriundos fundamentalmente dos distritos de Lisboa e Setúbal, as últimas jornadas de trabalho já contaram com a participação de jovens das várias regiões do País.

Militância e aprendizagem

Já a brigada permanente, conta Vasco Marques, é composta por um conjunto de jovens que ao longo da semana concretizam as tarefas de implantação necessárias e preparam as jornadas, para que estas sejam o mais produtivas possível. A composição desta brigada é fixa ao longo de cada uma das semanas, podendo variar de semana para semana.

Para além do que contribui para o avanço do trabalho de construção da Cidade da Juventude, a brigada de implantação (como as próprias jornadas de trabalho) tem, para o dirigente da JCP, um valor suplementar, ao dar a muitos jovens uma noção mais profunda do que é o trabalho colectivo e do seu valor inigualável para levar de vencidos os mais difíceis obstáculos. Para Vasco Marques, as tarefas de construção da Festa contribuem de forma decisiva para a «formação de muitos quadros e militantes da JCP».

Outra vantagem desta experiência, pela qual passam anualmente dezenas de jovens, é o contacto que ganham com um vasto conjunto de tarefas de serralharia, canalização, marcenaria ou pintura. Muitos têm a sua primeira experiência com martelos, chaves e rolos. A entreajuda entre construtores mais experientes e outros mais novatos e a convivência entre jovens de diferentes regiões do País e percursos de vida diversos constituem igualmente traços distintivos da implantação da Cidade da Juventude.

De jovens para jovens

Tal como a construção da Cidade da Juventude, também o seu funcionamento é assegurado por militantes e amigos da JCP (estudantes dos ensinos básico, secundário, profissional, politécnico ou universitário e trabalhadores). Tudo ali é também dirigido aos jovens: os sons que passam, a linguagem que se utiliza, os materiais que se vende, as palavras de ordem inscritas nas paredes, os assuntos em debate, em tudo pulsará a vida e a luta da juventude e, claro, a intervenção e as propostas da JCP.

Pelo Palco Agit, situado no coração da Cidade, passarão o debate político e formas de expressão artística menos presentes noutros espaços da Festa, como os DJ que ali animam os finais de noite… As 40 festas e os 40 anos da Festa serão assuntos em destaque um pouco por toda aCidade.

A importância crescente dos jovens comunistas para o êxito da Festa não passa apenas pela empenhada e entusiástica presença nos três dias da sua realização ou na construção das estruturas e pavilhões nos meses que a antecedem. Também na divulgação da Festa, das suas características ímpares e do seu programa, é cada vez mais destacado o papel da JCP. Este ano, foi editado um «Agit» especial sobre a Festa, distribuído nas escolas nas últimas semanas de aulas e nas épocas de exame dos ensinos secundário e superior, e também em muitas empresas com grande concentração de trabalhadores jovens. A aceitação foi «muito boa», garante Vasco Marques. Também a «Carrinha da Festa», que está a percorrer estações e terminais de transporte público, praias e outros locais, tem uma grande importância para divulgar a Festa e vender a EP.

Se há muito que a Festa se vem afirmando pela forte presença juvenil em todos os seus espaços, a 40.ª Festa, que abre as portas a 2 de Setembro e que pela primeira vez integra o novo terreno da Quinta do Cabo, tem tudo para ser, ainda mais, a grande festa da juventude.

Palco Novos Valores

O maior concurso de bandas em Portugal

Do Palco Novos Valores da Festa do Avante! é justo que se diga que por ele já passaram bandas que se afirmaram como valores seguros da música nacional: One Love Family, Yellow W Van, Chullage, Da Weasel e Linda Martini são apenas alguns dos exemplos mais notáveis de uma iniciativa que já vai na sua 19.ª edição. No mínimo, pode dizer-se que o Palco Novos Valores ajudou muitas destas bandas a chegar mais longe, pela projecção e apoio que lhes deu; noutros casos, porventura, poder-se-á ir mesmo mais longe e afirmar que sem esta oportunidade, dada pela JCP, muitos talentos se teriam perdido…

Este ano, participaram no concurso de bandas da JCP, que apura as que actuarão no Palco Novos Valores nos dias da Festa, cerca de uma centena de grupos, dos quais foram apurados 10, em 29 eliminatórias e finais: Bichos do Contra (vencedores da final de Leiria e Santarém); Moon Preachers (vencedores da final de Setúbal); Peter Strange (vencedores da final de Lisboa); Plano Z (vencedores da final de Coimbra, Guarda e Castelo Branco); Plause (vencedores da final do Alentejo); Projecto Mundo (vencedores da final da Madeira); Slavecrowd (vencedores da final de Braga, Bragança e Vila Real); The Gypsies (vencedores da final do Porto e Viana do Castelo); The Mad Bad Family (vencedores da final de Aveiro e Viseu); e Villain Outbreak (vencedores da final do Algarve). À semelhança de edições anteriores, o concurso de bandas do Palco Novos Valores deu a muitas bandas a possibilidade (para algumas inédita) de mostrar ao vivo a sua música. Por falta de iniciativas semelhantes ou apoios públicos, estes poderão ter sido os únicos concertos dados por algumas destas bandas…

Lutar pela cultura

Fazendo um balanço ao concurso deste ano, Vasco Marques valoriza a participação de um tão significativo número de bandas e artistas e a presença nos diversos concertos realizados de milhares de jovens em todo o País. A presença na Festa de um grupo da Madeira, algo que se tentou assegurar no ano passado, mas sem êxito, é também um factor de regozijo para o jovem comunista.

Para além das bandas concorrentes, integram a programação do Palco Novos Valores três bandas convidadas, todas elas com percursos e estilos diferentes: os Glockenwise, uma banda rock de Barcelos que se tem já uma vasta corrente de seguidores; os GROGNation, influente grupo de hip-hop oriundo da Linha de Sintra, mas com fãs em muitos outros locais; e os Them Flying Monkeys, uma banda de rock de Sintra que, apesar de recente, já conquistou prémios e pisou prestigiados palcos nacionais e internacionais.

O concurso de bandas da JCP, que para Vasco Marques é o «maior do género em Portugal», pela sua longevidade, pelo número de bandas que todos os anos participa e pela abrangência regional que atinge, é também uma «forma de luta e afirmação dos direitos da juventude». No caso, o direito constitucional de todos à criação cultural.

No âmbito deste concurso, foi lançada a campanha «Aumenta o Som! Baixa o IVA!», em torno da exigência da redução da taxa de IVA dos instrumentos musicais para os seis por cento (a mesma que se aplica a outros bens culturais, como os livros). A petição à Assembleia da República que a JCP lançou, com esta reivindicação central, conta até ao momento com mais de duas mil assinaturas. Convidados a assinar a petição, os membros das bandas concorrentes fizeram-no, na sua maioria, «com entusiasmo», por sentirem na pele as dificuldades impostas pelo elevado preço dos instrumentos e outros equipamentos fundamentais à sua actividades enquanto músicos, realça o dirigente da JCP, que informou que a questão que dá corpo à petição e à campanha estará em debate no Palco Agit nos dias da Festa.

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