Franqueadas as portas da quadragésima edição da Festa do Avante!, permitam-me que vos saúde a todos, participantes, convidados nacionais e internacionais e em particular os obreiros da Festa, os que projectaram e organizaram, os que a construíram, que a transformaram numa realização humana ímpar, num acontecimento político, cultural, de convívio, de fraternidade e solidariedade, acrescentando sempre melhores condições de acolhimento a quem a visita e nela participa.

Há um ano atrás daqui anunciámos que estávamos a meio da Campanha Nacional de Fundos com o objectivo de alcançar as metas traçadas e, consequentemente, concretizar os compromissos resultantes da aquisição da Quinta do Cabo. Era um desafio audacioso! Mas com o empenhamento da organização do Partido com a contribuição militante, de muitos amigos do Partido e da Festa, de muitos democratas e patriotas, concretizámos e ultrapassámos o objectivo a que nos propúnhamos.

Podemos hoje, aqui, afirmar que a Quinta do Cabo tal como a Atalaia é nossa!

Integrá-la harmoniosamente na Festa era uma labuta a começar de raíz. Roçar e limpar mato, abrir valas, condutas, fazer arruamentos, infraestruturas de água, saneamento, estender cabos eléctricos e de comunicações, plantar novas árvores e embelezar o espaço, convocou muitos e muitos camaradas e amigos que realizaram milhares de horas de trabalho militante.

Sim sabemos, é uma tarefa inacabada que necessita do fazer e refazer permanente. Mas também foi assim no espaço da Atalaia onde ao fim de 26 anos se repetem em todos os anos as obras de melhoramentos e embelezamento da Festa.

Temos uma Festa maior e melhor! Uma Festa onde se prepara o futuro.

Também aqui há um ano atrás num quadro em que os trabalhadores e o povo português eram confrontados com um ataque em grande escala desencadeado pelo governo PSD-CDS ao longo de 4 anos do seu mandato, determinado em arrasar salários, rendimentos e direitos, serviços públicos, executando o Pacto de Agressão a toque de caixa dos centros de decisão da União Europeia, aparentemente de pedra e cal com a sua maioria na Assembleia da República, no Governo e sob o mandato protector do então Presidente da República, com os poderosos megafones da comunicação social dominante a proclamarem as inevitabilidades, o conformismo, o desvalor da luta, arrancámos para a batalha das legislativas.

Os trabalhadores e as populações, os pequenos e médios empresários e agricultores, os homens, as mulheres da cultura e das artes, os reformados e pensionistas, os elementos das forças de segurança, muitos democratas e patriotas, sistematicamente confrontados com as medidas gravosas para as suas vidas, lutaram, resistiram e definiram como objectivo derrotar o governo PSD/CDS e vê-lo fora das suas vidas.

Fomos para a batalha das legislativas com a consciência que tinha de se aliar o voto à luta.

E no dia 4 de Outubro a maioria do povo português aplicou uma derrota pesada ao PSD/CDS deixando-os em minoria na Assembleia da República. Uma derrota, também, dessa mistificação das eleições para 1º Ministro, que não existem.

Foi com base na alteração da composição na Assembleia da República, quando a direita se preparava para transformar uma derrota numa vitória, continuar no governo para dar cabo do resto e acelerar a política de exploração e empobrecimento, que o PCP avançou com a possibilidade de uma solução política.

Sim, tínhamos consciência que com um Governo do PS e o programa do PS as questões de fundo e os problemas estruturais dificilmente encontrariam as respostas necessárias.

Mas havia duas questões urgentes!

Em primeiro lugar impedir que o governo PSD/CDS prosseguisse a sua política de terra queimada e em segundo lugar, com a nova fase da vida política nacional, que fosse encetado um caminho de reposição de salários, rendimentos e direitos, reposição de horários de trabalho, salvar serviços públicos como a Saúde, a Escola Pública, o carácter universal da Segurança Social, travar privatizações anunciadas ou em curso, suster a sangria da emigração, devolver feriados roubados e abonos de família, eliminar taxas moderadoras, suster a pobreza e o número crescente de pobres.

Medidas, sem dúvida, limitadas e insuficientes sabendo que os estragos da política de direita dos sucessivos governos e de forma particularmente brutal nos 4 anos de Governo PSD/CDS deixaram o País num estado crítico, com feridas sociais expostas, mais dependente do estrangeiro, em particular da União Europeia.

Mas, com essas limitações e insuficiências, há um elemento de carácter subjectivo que ressurgiu, diríamos assim como que uma janela de esperança e a real possibilidade de nos libertarmos como País e como povo da política de exploração e empobrecimento, das amarras e constrangimentos que nos querem impor, de dependência a que nos querem submeter.

Se na situação actual há que não voltar atrás e prosseguir a reposição de salários, rendimentos e direitos, nós consideramos ser incontornável a necessidade de uma política alternativa, patriótica e de esquerda, que nos liberte das grilhetas que nos amarram, potencie os nossos recursos, ponha Portugal a produzir, dê valor ao trabalho com direitos, combata o desemprego e a precariedade, defenda o direito à saúde, o acesso ao ensino, proteja socialmente a infância e a velhice.

Essa necessidade é inseparável da possibilidade. Sim é possível!

O PCP, mantendo os compromissos e a palavra dada, não regateará nenhum esforço na sua acção e intervenção, na sua proposta para que se concretize uma nova política.

Mas certo e seguro é que sem a luta dos trabalhadores e do povo, sem o reforço do PCP, sem a convergência dos democratas e patriotas, mais tempo demorará a concretizar a possibilidade real de uma vida melhor num País que terá tanto mais futuro quanto mais soberano for e mais for o povo a decidir!

Está aberta a quadragésima Festa do Avante!

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