Irresistível paixão
Irresistível paixão
Quinta, 30 de Agosto de 2012O tiro de partida foi dado há muito, como muitas foram as etapas já cumpridas nos últimos meses. Depois de um exigente e complexo trabalho de planificação, contactos, programação, recuperação de infra-estruturas, iniciativas e torneios de promoção, está tudo a postos para fazer de novo do Desporto na Festa – este ano com 35 modalidades –, um acontecimento ímpar no panorama desportivo nacional.
A garantia foi dada pelos responsáveis da Comissão Nacional de Desporto na Festa, este fim-de-semana, na Atalaia, ao Avante!. Foi lá que fomos encontrar reunidos os responsáveis de modalidade e colaboradores que integram a vasta equipa que ergue e mantém a funcionar durante três dias o que apropriadamente podemos designar por «cidade do desporto».
No total são 280 os camaradas e amigos que colaboram na organização dos várias eventos e provas desportivas, seja na realização dos torneios de malha de promoção da Festa (chinquilho, malha grande, malha pequena, medalha tradicional) ou os torneios de futsal (sénior e AvanteJovem), seja na qualidade de árbitros ou dirigentes desportivos, seja enquanto organizadores de modalidades.
Número este que só por si é revelador do envolvimento, extensão e influência da Festa, do seu prestígio e da forma como se relaciona e «toca» esse vasto elenco de atletas, técnicos e dirigentes que compõe a comunidade desportiva.
A força das colectividades
A participar directamente estão ainda cerca de 360 colectividades ou equipas, para além de representantes de federações ou associações desportivas.
Isto significa que aquilo que tem vindo a ser feito no quadro da Festa, seja no período que a precede com as actividades que a promovem, seja nos três dias em que decorre na Atalaia, só é possível porque há a colaboração de toda esta gente, com a sua capacidade de organização, a sua disponibilidade, saber e vontade.
Dizer isto é afirmar ainda que o movimento associativo e popular, as colectividades, «emprestam» à Festa toda a sua capacidade, o seu saber e experiência de muitos e muitos anos de trabalho.
E o resultado, como acontece desde que há desporto na Festa, está à vista: a existência de um espaço que promove como nenhum outro o desporto para todos, como inalienável direito constitucional que é, visando elevar o bem-estar e a cultura física e desportiva dos cidadãos.
Direito que, infelizmente, tem vindo a ser crescentemente posto em causa pela política de direita de sucessivos governos, nomeadamente pelo actual, que, com a sua política de cortes a eito – veja-se no quadro do ensino a chamada reorganização curricular com empobrecimento de disciplinas como a Educação Física –, tudo sacrifica em nome do dュice e do pacto de agressão.
Tradição viva
Presença obrigatória que desperta sempre enorme interesse e curiosidade é, entretanto, a das modalidades tradicionais. Não é invulgar o visitante reencontrar-se com uma realidade que bem conheceu na infância, que entretanto se perdeu no tempo, e que redescobre na Festa.
É disso exemplo, para além dos jogos tradicionais, os jogos de malha. São de resto muito comuns os testemunhos daqueles que se dirigem à Comissão de Desporto para saudar a iniciativa de reavivar e estimular a prática destes jogos, havendo quem diga que não «via jogar à malha desde os tempos de criança na aldeia».
«Isto para nós tem um valor incalculável», confessou Brázio Romeiro, coordenador da Comissão Nacional de Desporto, reconhecendo que esta é também «uma responsabilidade» inteiramente assumida pela Festa, ou seja, fazer com que estas modalidades, algumas ancestrais, não se percam.
E o desporto na Festa é isto – também isto, melhor dito –, a par de outras modalidades (ditas mais modernas) como a parede de escalada ou o slide, outras mais eruditas como o xadrez, outras mais populares como os matraquilhos ou o dominó, e outras, mais presentes no nosso dia-a-dia, como o futsal, o hóquei patins, a patinagem artística, o voleibol, as artes marciais, as actividades gímnicas, o hip-hop, o boxe, o kitboxing. E também modalidades inclusivas, como o Boccia, modalidade paraolímpica na qual os nossos atletas dão cartas, estando entre «os mais medalhados», como bem assinalou Cláudia Reis, que integra o núcleo de responsáveis de modalidades que funciona no interior da Festa e do qual fazem igualmente parte Paulo Júnior, Vítor Fonseca, Mário Cunha, Manuel Catarino, Raul, Nelson Ramos e Paulo Renato.
Notícia jornal «Avante!», Nº 2022 de 30 de Agosto 2012