Luísa Rocha
De repente, no Verão passado, uma voz desconhecida do grande público entrou nos nossos ouvidos, discreta mas insistentemente, sem ninguém explicar que o futuro do Fado passa por ela ou fazer a lista das inovações que ficaríamos a dever-lhe. Chama-se Luísa Rocha. Canta o fado... desde sempre!, profissionalizando-se há uns dez anos e tendo actuado metade desse tempo no Marquês da Sé e a outra no Clube de Fado, onde canta regularmente; pelo meio, participou no Festival de Zamora e teve uma pequena actuação ao vivo no filme “Amália”. Mas nunca teve pressa em gravar. Aprendeu devagarinho; há coisas que se aprendem melhor sem pôr o carro à frente dos bois. E talvez ainda não tivesse gravado se não fosse o entusiasmo dum grande músico, o viola Carlos Manuel Proença, que se apaixonou pela sua voz.
O álbum de estreia de Luísa Rocha é uma verdadeira cimeira de guitarristas. Para além de José Manuel Neto, encontramos aqui (só...!) Mário Pacheco, Custódio Castelo e Ricardo Rocha, guitarristas que têm feito ao longo dos últimos quinze anos, como solistas ou como acompanhadores, alguma da mais importante discografia do Fado e da Guitarra. E encontramos também outro guitarrista, o mais jovem Guilherme Banza que já acompanhou Katia Guerreiro e Ana Moura, o baixo acústico Daniel Pinto, o violoncelista Luís Clode e os cantores Tó Cruz e Paulo Ramos - as duas vozes que aparecem de surpresa no 1º single de Luísa Rocha, um fado-canção inédito de Paulo de Carvalho, “Dou-te um Beijo (e Fujo de Ti)”. “Uma Noite de Amor”, produzido por Carlos Manuel Proença, ouve-se tão bem e tão depressa como se estivéssemos ali, Luísa cantando ao pé de nós. Em palco a fadista faz-se acompanhar por José Manuel Neto na guitarra portuguesa, Carlos Manuel Proença - viola de Fado e Marino de Freitas – viola baixo. Para a sua apresentação na Festa do Avante!, Luísa Rocha contará com um convidado especial, Guilherme Banza, que a acompanhará também à guitarra portuguesa. São de Nuno Pacheco as seguintes palavras: “A voz, com um timbre digno de nota, afaga as palavras com enlevo, prolongando-as sem elevações desmesuradas, acentuando-lhes a cor e o sentido. (…) Um trabalho promissor de uma fadista a não esquecer”.