(Galiza)

Os bons músicos empalidecem o poder das palavras e Anxo Lorenzo não é bom, é extraordinário. A sua técnica e saber, assim como a sua personalidade e carisma, são capazes de tocar e redefinir a própria essência da música. Tirán, último álbum deste artista, é a consubstanciação do poder transfigurador da música, quando domada e conduzida por um grande intérprete. Gaiteiro reconhecido, Anxo tem colaborado em muitos projectos musicais de fusão, nos quais o jazz, o pop, o rock e o flamenco assumem namoros, breves mas intensos, com a gaita. Anxo tem uma longa carreira: foi membro fundador dos Spiritu 986, tendo colaborado com os Celtas Cortos, Lúnasa, Kathryn Tickell Michael McGoldrick, The Chieftains, Daimh, The National Jazz Orchestra, Luigi Lai, entre outros. Tendo trilhando uma longa e rica senda musical, este gaiteiro viajou por inúmeros locais e partilhou sons com músicos de todo o mundo.

Digressões e festivais como o WOMAD 2010, o Musicport Festival, o Celtic Connections (UK), o Festival do Mundo Celta de Ortigueira, o Schottish Weekend 2010 Celtic, entre outros, têm consagrado este álbum que é produzido por Pedro González. Nele, Anxo conta com vários convidados, entre os quais se destacam Xosé Liz (bouzouki), Milla (percussão), Begoña Riobó (violino) Álvaro Iglesias (rabecão). As onze faixas são um encontro entre várias tradições musicais, das Rias Baixas galegas ao mar da Irlanda. Cada tema é uma demonstração de talento e de sensibilidade, que a participação de Kathryn Tickell (gaita-de-foles), Pancho Álvarez (cordas), Mila e Roi Adrio (percussão), Anxo Pintos (sanfona), Jorge Arribas (acordeão) torna superlativa. A música popular galega começa agora a ganhar visibilidade e Anxo Lorenzo é o seu melhor rosto. Tirán é a génese de uma longa carreira musical de um artista que nos surpreende com o seu génio e modéstia.