A Festa do Avante!, pelo que é, pelo que representa e significa, pelo programa que apresenta, pelo ambiente fraterno que proporciona, pela sua 40.ª edição, pela sua valorização, pelo alargamento à Quinta do Cabo, é, este ano, um acontecimento a que não se pode faltar.

No dia 23, teve lugar na Casa da Morna & Semba, em Lisboa, a apresentação pública da 40.ª Festa do Avante!.

Na presença de muitos dos artistas de várias áreas, que fizeram questão de ali estar presentes, Alexandre Araújo, do Secretariado do Comité Central do PCP, começou por lembrar que este ano a Festa fica «indelevelmente marcada» pela incorporação da Quinta do Cabo, cuja aquisição foi «suportada numa Campanha Nacional de Fundos que atingiu os seus objectivos».

Esta será portanto «uma Festa maior», visando «oferecer melhores condições a todos os que a visitam e nela participam», com «mais espaços, mais sombras, mais zonas de estar, um renovado acampamento destinado aos visitantes, um verdadeiro festival de gastronomia regional com pratos e produtos de todo o País», assegurou, destacando o novo Espaço da Criança, «completamente renovado, ampliado e inclusivo».

Para além das actuações nos palcos 25 de Abril e 1.º de Maio, Alexandre Araújo deu conta da existência de outros espaços onde os visitantes não poderão deixar de passar, como o Palco Solidariedade, Palco Arraial, Palco de Setúbal, Palco Alentejo, Café Concerto de Lisboa, o novo espaço do Fado de Lisboa, Palco Agit e Palco Novos Valores. Este último recebe as bandas seleccionadas no concurso promovido pela JCP, que realizou, em todo o País, 29 eliminatórias e finais, com mais de 100 bandas.

Outros palcos

No teatro, adiantou o dirigente do PCP, marcarão presença, entre outros, a Companhia de Teatro de Almada, com a peça «O feio»; A Barraca, com «Tartufo»; All’Opera – Companhia de Ópera Itinerante, com «“Rita” Ópera de Donizetti»; Rei Sem Routa – Arre, com «Peça para dois burros e dois actores»; NARRATIVENSAIO – AC, com «Onde o frio se demora»; AL.GU.RES – Associação Cultural, com «Levantei-me do chão»; Output Teatral de Lisboa, com «D. Afonso Henriques 3em1».

Por seu lado, no Cineavante! será possível assistir aos filmes: a «Montanha», de João Salvioza; «Volta à terra», de João Pedro Plácido; «Cavalo dinheiro», de Pedro Costa; «O Dr. Adrián e os 5 senhores», de Francisco Moura Relvas.

No Espaço Ciência «a exposição é dedicada aos 40 anos da Constituição da República Portuguesa, sublinhando os acontecimentos e as descobertas mais significativas protagonizadas por cientistas portugueses nos últimos 40 anos». Nas artes plásticas o destaque é para as exposições «Gravura hoje», com a participação de 40 gravadores, e «Cenas do Século XX», do arquitecto Francisco da Silva Dias.

Também o desporto estará em festa na Atalaia, através da presença de mais de 30 modalidades, como o xadrez, a malha e chinquilho, yoga, basquetebol, matraquilhos, patinagem, voleibol, andebol, danças de salão, ginástica, artes marciais, slide, escalada, hóquei em patins, boxe, futsal, boccia, zumba, hip-hop. No domingo terá lugar, de manhã, as habituais Corrida e Caminhada da Festa.

Momentos marcantes

Os comícios de abertura, na sexta-feira, 2, às 19 horas, na Quinta do Cabo, e de encerramento, no domingo, ambos com a intervenção de Jerónimo de Sousa, Secretário-geral do PCP, serão, no plano político, momentos marcantes.

O Espaço Central – coração da Festa onde terão lugar mais de 30 debates sobre os mais variados temas da actualidade política nacional e internacional – contará com exposições dedicadas à precariedade, no seguimento da campanha «Mais direitos, mais futuro – não à precariedade», promovida pelo Partido; ao papel indispensável e insubstituível do PCP para as soluções dos problemas nacionais, no ano em que se vai realizar o seu XX Congresso; às 40 festas do Avante!; e à Máscara Ibérica.

Todos os estilos musicais

Ruben de Carvalho, membro do Comité Central do PCP e da Direcção Nacional da Festa do Avante!, referiu por seu turno que, ao longo dos seus 40 anos, a Festa «criou e manteve uma identidade e personalidade», sendo a única, entre dezenas de iniciativas semelhantes, a chamar-se a Festa.

«Na Festa tudo se passa. Não é um festival de uma coisa só. É, antes de mais, feita por pessoas, pelos que lá vão, que lá cantam, que lá trabalham, que a constroem, que fazem dela uma realidade», destacou, acrescentando: «A Festa tem gente de todas as idades, é transversal do ponto de vista social e ouve-se e está-se com todos os estilos de manifestações culturais, com todo o tipo de música».

Sobre o programa musical para este ano – que contará com actuações «determinantes», como a de Sérgio Godinho e Jorge Palma – Ruben de Carvalho destacou a presença do fado, estilo que esteve sempre presente na Festa desde a primeira edição. «A presença do fado na Festa não foi uma correspondência a uma moda, a uma evolução imposta pelas circunstâncias. Foi uma opção, de carácter cultural, tomada desde o início», explicou, dando a conhecer a presença de «grandes interpretes» como a Aldina Duarte, Kátia Guerreiro, Duarte, Ana Moura e Cristina Branco.

Êxitos soberbos

Também o rock tem estado em todas as edição da Festa do Avante!. Na sua primeira edição actuaram os Area, banda italiana que proporcionou um «êxito soberbo», recordou Ruben de Carvalho. Este ano «a Festa vai abrir, no sábado, com os UHF, um dos grupos absolutamente fundamentais para o nascimento do rock em Portugal». Realce ainda, entre outras bandas, para os Jáfumega, «outro grupo que faz parte da história do rock», para os Pesticida, que «trarão todos os elementos que ao longo dos anos passaram pela formação», e para os Xutos & Pontapés. Depois, para além dos consagrados, há bandas novas, que vão desde o rock ao hip-hop, passando pelo funk.

Outro estilo musical que «faz parte da Festa» é o jazz, com inúmeras actuações que ficaram na memória colectiva, como a de Archie Shepp e Max Roach. Este ano não será diferente com Nuno Costa, Ricardo Toscano e a Orquestra do Hot Clube Portugal, que trará um «reportório de António Pinho Vargas, um homem que, pela diversidade do seu talento, está meio esquecido», realçou o responsável.

Músicas do mundo

Também a world músic marcará presença, uma vez mais, na Festa, com Ferro Gaita (Cabo Verde), Los de Abajo (México), Orquestra Plateria (Catalunha) e Calum Baird, (Escócia).

A acrescentar a este leque, Ruben de Carvalho chamou à atenção para Ruan Pinilha, da Andaluzia, um «especialista das, talvez, mais interessantes expressões da música flamenca, as mineras, canções ligadas à vida e à luta dos trabalhadores das minas», para Charlie & the Boys, da Irlanda, «quando se assinala um século da Ester Rising, a primeira revolta armada contra a dominação inglesa e que foi o princípio da independência da Irlanda», estando assegurada a interpretação do tema « A Nation Once Again», e para Antonio Portanet, que «fará uma homenagem a Federico García Lorca, que faz 80 anos que foi assassinado pelas milícias fascistas no início da guerra de Espanha».

Por último, falou do concerto sinfónico, um «hábito que já ninguém estranha». Para este ano teremos, uma vez mais, «um programa particularmente exigente», concebido para que, simultaneamente, «desse à música sinfónica solenidade, que ela própria tem» e fosse «o concerto de 40 anos de 40 festas». Para tal, precisou, «foi escolhido um reportório, conjuntamente com o maestro Vasco Pearce de Azevedo, com características que não são vulgares para um concerto de música sinfónica».
Assim, como nada é vulgar na Festa, tudo é transversal, teremos as Canções Heróicas, de Fernando Lopes Graça, mas também Sergio Ortega, com «El Pueblo unido jamás será vencido!» e peças de Georges Bizet e de Verdi, com destaque para «Va’, pensiero, sull’ali dorate», ópera de Nabuco. De Ludwig van Beethoven será interpretada a «Fantasia», uma peça ambiciosa, que envolve orquestra, coro e seis solistas.

Em palco estará também o espiritual negro, com «Free at last», tornado célebre por Martin Luther King.

«Gente que gosta de viver»

Dany Silva, que este ano vai integrar uma «Onda de Sons», espectáculo único que reúne no mesmo palco músicos de todos os países africanos de língua oficial portuguesa, afirmou ao Órgão Central do PCP estar «lisonjeado» por participar no 40.º aniversário da Festa do Avante!, que considera ser «um marco» que «prestigia quem lá actua». «O ambiente da Festa é extraordinário. Sempre fui bem recebido, com muito calor e carinho», disse, sublinhando que «participar nestes 40 anos é um motivo especial», que o deixa «muito contente».

Assim, deixa um apelo para aqueles que nunca foram à Festa: «Não há igual em Portugal e no estrangeiro. Esta é uma Festa de gente que gosta de viver.»

Também António Manuel Ribeiro, dos UHF, banda fundadora do rock em Portugal, recordou os muitos concertos que deu na Festa do Avante!, particularmente o primeiro, na Ajuda. «Parámos [de tocar] quando ouvimos tanta gente a cantar as nossas músicas. Foi arrepiante», confessou.

Sobre o espectáculo que vai ter lugar no Palco 25 de Abril, o vocalista descreve-o como um best off das mais de 300 canções dos UHF. «Sendo a celebração dos 40 anos da Festa, pelas vezes que actuámos no Avante!, só se justifica tocarmos as canções mais emblemáticas», adiantou.

Estreante na Festa é Miguel Matos, dos Peter Stange, uma das formações finalistas do Concurso de Bandas da JCP. «Foi uma experiência muito boa», destacou, manifestando estar com «grandes expectativas em actuar» no Palco Novos Valores. «No meio de tantas bandas de qualidade podíamos não ter sido qualificados. Mas ainda bem que estamos», afirmou, prometendo ao público «dar o seu melhor».

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